Nesta segunda-feira (31) a delegada Ana Cristina Feldner afirmou que já espera que haja pressões sobre ela nas investigações do suposto esquema ilegal de escutas telefônicas em Mato Grosso. “Não me intimidam, pois fazem parte do meu trabalho. Também não mudarão o rumo do meu trabalho e verei com naturalidade, já que não surtirão efeito porque eu já espero que isso aconteça”.
Em entrevista à Rádio Capital nesta manhã, a delegada disse que estava de férias quando recebeu a notícia de que conduziria as investigações após a saída do delegado Flávio Stringueta, então responsável pelo inquérito, que se afastou por problemas de saúde.
A polêmica envolvendo os grampos feitos pela Polícia Militar veio à tona no dia 11 de maio, quando o promotor de Justiça, Mauro Zaque, evidenciou que escutas clandestinas estariam sendo feitas no âmbito do Comando Geral da PM, com o conhecimento do Governo do Estado.
Essas escutas tinham como alvos, além de traficantes de droga, políticos, médicos, jornalistas, advogados, servidores públicos, entre outros. As personalidades foram inseridas dentro da investigação policial por meio da barriga de aluguel, que é quando a pessoa não é alvo, mas é adicionada para que as escutas de conversas privadas sejam obtidas de modo ilegal.
A investigação não deve incluir, neste caso, levantamento relacionados a políticos e promotores de Justiça do Estado envolvidos na denúncia, em virtude do foro.
Em entrevista, a delegada acredita que irá manter a mesma linha de investigação de Strigueta. “Até o presente momento eu tenho conhecimento geral, como todo mundo, pela imprensa. Mas ainda não sei o que existe na investigação. Nós sabemos que é um caso muito complexo e acredito que vamos continuar na mesma linha da investigação”.
Feldner foi designada para assumir o caso, pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando de Almeida Perri. Além dela, o delegado Fabiano Pitoscia também ajudará a conduzir as investigações.
“São situações que ainda não sei com quais vou deparar, rogo a Deus que esteja me conduzindo sempre, mas não seria a primeira situação profissional a encontrar com situações estressantes. Pretendo ser bastante técnica, porque não tem o que se discutir em cima do que é a lei. Você trabalhando com tranquilidade, consciência e técnica não tem como dar errado”, declarou à delegada.
A delegada deve se reunir nesta tarde de segunda-feira com o desembargador para conversar e alinhar questões. Segundo ela, Perri já deixou claro que ela e o colega Pitoscia terão total autonomia no caso.
“Eu vou precisar realmente primeiro ler toda a investigação para daí definir quais os próximos passos. Sem ler atentamente a que pé está é difícil saber se seria uma oitiva de uma testemunha, algum ofício expedido a algum órgão… Preciso tomar conhecimento para saber qual etapa está à investigação para então definir”, enfatizou.
Currículo
Feldner começou cuidando da delegacia de roubos e furtos em 2007, quando entrou para a Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso. Na sequencia trabalhou no Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO). Trabalhou na Delegacia do Consumidor, onde foi titular por três anos. Instalou a Delegacia do Turista na época da Copa do Mundo 2014 e atualmente estava lotada na Delegacia de Homicídios (DHPP).
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