Na madrugada desta sexta-feira (3), dois atentados ocorreram no Norte catarinense. Uma delegacia de Polícia Civil foi atingida por disparos em Joinville e um ônibus de turismo foi incendiado em São Bento do Sul. Um terceiro caso, que ainda não é confirmado pela PM como correlacionado aos atentados, ocorreu em Rio Negrinho. Um posto de fiscalização agrícola pegou fogo. De acordo com a estatística divulgada pela PM na quinta-feira (2) às 22h, ocorreram 57 casos em 23 municípios desde 26 de setembro.
A delegacia de Polícia Civil atacada em Joinville fica no bairro Morro do Meio. Duas pessoas em uma moto atiraram contra o prédio durante a madrugada e fugiram. Os suspeitos dispararam pelo menos quatro vezes. Dois dos tiros atingiram um veículo da Polícia Civil que estava estacionado no pátio da delegacia. Um agente de polícia estava trabalhando no momento da ação, mas não foi atingido.
Um ônibus foi parcialmente queimado em São Bento do Sul no início da madrugada. Segundo a Polícia Militar, o veículo de turismo estava estacionado no pátio da empresa no bairro Brasília. Os bombeiros conseguiram conter as chamas e o ônibus ficou parcialmente destruído.Esse é o primeiro ataque registrado na cidade.
Ainda na região, uma barreira de fiscalização sanitária da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) foi destruída por um incêndio em Rio Negrinho, na divisa com o Paraná, por volta das 2h30 desta sexta. Conforme a Polícia Militar, não é possível afirmar que o incêndio tenha relação com os ataques.
Terceira onda de ataques em SC
De acordo com a estatística divulgada pela PM na quinta-feira (2) às 22h, os casos foram registrados em 23 municípios. O balanço será atualizado ainda na manhã desta sexta (3). Desde o início da terceira onda de atentados em Santa Catarina na última sexta (26), 31 suspeitos de envolvimento nos atos criminosos foram presos. Outros nove adolescentes foram apreendidos.
Todas as regiões do estado registraram ocorrências relacionadas. Do total, 50 são atentados e outras sete foram apreensões de materiais suspeitos. Segundo a PM, 24 ônibus foram incendiados, 12 casas e dois carros particulares de agentes públicos danificados. Outros seis veículos de civis foram danificados, além de quatro bases e o mesmo número de viaturas policiais atingidas. Além disso, três prédios públicos foram alvo da ação criminosa.
Ordem parte dos presídios
O delegado responsável pela divisão de repressão ao crime organizado da Deic, Procópio Silveira Neto, disse que as ordens dos ataques partiram de presos transferidos de Santa Catarina para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Segundo ele, os apenados daquele estado se comunicam com os que estão na penitenciária catarinense de São Pedro de Alcântara. "[As ordens partiram] de Mossoró para São Pedro de Alcântara e daí se difundiram para rua", complementa.
De acordo com o Ministério da Justiça, "não há qualquer indício de contato direto entre os presos transferidos e os presos ou lideranças de organizações em Santa Catarina". Em nota, o órgão informou que continuará à disposição do estado para dar apoio e suporte no enfrentamento ao crime organizado. O texto ressalta que as quatro unidades prisionais federais do país "observam estrito regime de segurança máxima". Indica ainda que em oito anos, desde que foram instituidas, "não foi registrada a apreensão de nenhum aparelho telefônico nas dependências das unidades".
Esta terceira onda de ataques, segundo a polícia, é coordenada pela mesma facção criminosa das duas anteriores. Em fevereiro de 2013, 37 homens, que estavam detidos em unidades prisionais catarinenses foram transeferidos para o Rio Grande do Norte e três para Porto Velho. Eles foram movidos na intenção de desarticular a facção criminosa que estava em atuação na segunda onda criminosa, entre 30 janeiro e 3 de março daquele ano. Nesse período, ocorreram 114 atentados em 37 cidades catarinenses, segundo a PM. Antes, em 2012, ocorreu a primeira onda de atentados no estado, com 63 alvos de 18 a 11 de novembro.
G1