O empresário e delator da Operação Rêmora, Giovani Guizardi, recebeu, no escritório de sua empresa, o pagamento de R$ 125 mil a título de propina do empresário Ricardo Saguarezi, dono das construtoras Relumar Construções Ltda. e Aroeira Construções Ltda.
A propina foi cobrada para “liberar” o pagamento de R$ 1,3 milhão, referente a débitos que o empreiteiro tinha a receber em contratos firmados com o Governo do Estado.
A afirmação consta na denúncia oferecida pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) à Justiça nesta quarta-feira (15), contra Guizardi – apontado como responsável pela cobrança de propina de empresários – e outras quatro pessoas.
A nova denúncia é a terceira derivada da Operação Rêmora, que apura fraudes a licitações e cobrança de propina de empresários que tinham contrato de prestação de serviços a Seduc.
Segundo o Gaeco, no segundo semestre de 2015 Sguarezi foi até a Seduc cobrar o pagamento de valores referentes a contratos de obras públicas com a Pasta. Ao encontrar o ex-servidor Fábio Frigeri – também denunciado -, o empresário foi orientado a procurar Guizardi, “como condição para o recebimento dos valores a que tinha direito”.
Os débitos da Seduc com Sguarezi seriam relacionados a medições em obras realizadas nos meses de outubro, novembro e dezembro do ano de 2014, bem como no ano de 2015.
“Em razão do direcionamento dado por Fábio, Ricardo Sguarezi se encontrou com Giovani Guizardi na sede da empresa Dínamo Construtora, na cidade de Cuiabá. Oportunidade em que Giovani lhe apresentou uma lista de valores que a empresa Relumar Construções Ltda. teria direito de receber do Estado de Mato Grosso, relacionados a obras no âmbito da SEDUC/MT, bem como solicitou a ele o pagamento de propina para que houvesse a liberação dos pagamentos, restando então acertado que Ricardo Sguarezi deveria pagar a quantia equivalente a quinze por cento dos valores recebidos pela empresa”, afirmou o Gaeco.
Segundo a denúncia, no dia 30 de setembro de 2015, a Relumat Construções recebeu do Estado o valor de R$ 574,8 mil. O recebimento, conforme o Gaeco, só foi feito, pois, dias antes, Sguarezi foi até o escritório de Guizardi e entregou a quantia de R$ 50 mil, em dinheiro.
Este valor, como todos os outros futuros, teria sido distribuído entre os integrantes da suposta organização criminosa.
As investigações, que contaram com a colaboração da delação de Guizardi e o depoimento de Sguarezi, apontaram outro pagamento por parte do Estado à empresa Relumat.
Em 17 de setembro do mesmo ano, Sguarezi recebeu os valores de R$ 367,1 mil e R$ 275,3 mil, pelas obras que tocava para a Seduc. Após a liberação dos valores, de acordo com o Gaeco, o empreiteiro foi até o escritório de Guizardi e entregou a quantia de R$ 45 mil, também em dinheiro.
O terceiro pagamento de propina teria sido realizado no dia 11 de novembro de 2015, quando, na sede da Dínamo Construtora, Sguarezi entregou R$ 30 mil à Guizardi. Um dia antes, a Relumat, de acordo com a investigação, recebeu o pagamento de R$ 122,2 mil.
A operação
A denúncia derivada da 1ª fase da Operação Rêmora foi aceita pelo juiz Bruno D’Oliveira Marques, substituto da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, em maio deste ano. O Gaeco apontou crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação.
Na 1ª fase, foram presos o empresário Giovani Guizardi; os ex-servidores públicos Fábio Frigeri e Wander Luiz; e o servidor afastado Moisés Dias da Silva. Apenas Frigeri continua preso.
Nesta fase, são réus na ação penal: Giovani Belato Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues, Moises Feltrin, Joel de Barros Fagundes Filho, Esper Haddad Neto, Jose Eduardo Nascimento da Silva, Luiz Carlos Ioris, Celso Cunha Ferraz, Clarice Maria da Rocha, Eder Alberto Francisco Meciano, Dilermano Sergio Chaves, Flavio Geraldo de Azevedo, Julio Hirochi Yamamoto filho, Sylvio Piva, Mário Lourenço Salem, Leonardo Botelho Leite, Benedito Sérgio Assunção Santos, Alexandre da Costa Rondon, Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva.
Em julho, o Gaeco deflagrou a 2ª fase da operação, prendendo o ex-secretário da Seduc, Permínio Pinto. Posteriormente ele foi denunciado junto com o ex-servidor Juliano Haddad.
A Rêmora 3 foi deflagrada em dezembro, após a delação premiada firmada pelo empresário Giovani Guizardi. Denominada “Grão Vizir”, a operação culminou na prisão preventivamente do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, apontado pelo delator como doador de R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques no governo e tentado recuperar os valores por meio do esquema.
A terceira fase resultou em outras duas denúncias. Uma tendo como alvos o próprio Alan Malouf, considerado um dos líderes do esquema, e o engenheiro Edézio Ferreira.
No dia 15 de fevereiro o Gaeco ofereceu uma terceira denúncia. Desta vez, foram novamente denunciados: o empresário Alan Ayoub Malouf; o ex-secretário da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) Permínio Pinto Filho; os ex-servidores da Pasta, Fabio Frigeri e Wander Luiz dos Reis; e empresário e delator da operação, Giovani Belatto Guizardi.
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