Foto: Beatriz Saturnino
Chegou a época de chuva em Cuiabá e pelo menos 6.700 famílias da capital mato-grossense estão classificadas em risco por inundações, alagamentos e deslizamento de terra pela Defesa Civil e Secretaria de Cidades do município. No final do mês de setembro, o Ministério de Minas e Energia entregou um relatório que apresenta todos os 27 córregos oferecendo “alto e muito alto risco” em áreas urbanas, sendo nove destas em estado crítico.
“É preciso resguardar a integridade física do cidadão e esse é um problema nosso, porque a chuva já começou. Então foram coletados dados de todos os córregos da cidade e foi tirado o plano diretor dos problemas”, diz o coordenador de Proteção e Defesa Civil de Cuiabá, Oscar Amélito Alves dos Santos.
Foi realizada uma vistoria e todos os 27 córregos que existem em Cuiabá apresentam problemas de alagamento em virtude do acúmulo de lixo e areia, o que ocasiona assoreamento em seus leitos, pois ocorre diminuição de passagem da água, causando transbordamento das margens.
São apontados nove córregos em estado crítico, além do Morro do Despraiado, localizado na Rua dos Xavantes, no bairro Santa Helena, sendo que a desapropriação e a demolição das casas já começaram no dia 6 de setembro passado.
Este relatório foi realizado pelo Ministério de Minas e Energia em 10 dias, por meio da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), Serviço Geológico do Brasil e Departamento de Gestão Territorial (Deget) e entregue no dia 22 de setembro de 2014 para a Defesa Civil municipal. Trata-se da setorização de áreas de alto e muito alto risco geológico.
O agravante é que todas as áreas são consideradas de preservação permanente (APP), cujo desmatamento e construção são proibidos a 30 metros da margem de córregos, bem como a 100 metros do rio Cuiabá e a 50 metros do rio Coxipó.
No bairro Praeirinho a situação de precariedade se arrasta há alguns anos, com problemas de alagamento, inclusive na Rua SD moradores estão sujeitos a enxurrada do córrego do Barbado e inundação do rio Cuiabá.
Já entre os córregos São Matheus e São Gonçalo, residências são ameaçadas por erosão fluvial, havendo habitações legalizadas e fruto de invasões que são afetadas pelas cheias dos córregos.
De acordo com informações da Coordenação de Proteção e Defesa Civil de Cuiabá, o risco de desastres é iminente, pois o período chuvoso deve se estender até o mês de maio de 2015. Para solucionar o problema, Oscar Amélito diz que há a previsão de construção de 10 mil casas para realocar as famílias em risco até o ano de 2016.
Aglomerado urbano está comprometido
Está na lista com risco “muito alto” o córrego Machado, na Cohab São Gonçalo, do bairro Coxipó, sujeito a inundação. Suas águas percorrem um trajeto que serve de drenagem pluvial para um grande aglomerado urbano entre o Residencial Coxipó, Jardim Presidente, Residencial Itapajé e Getúlio Vargas.
Além desses, existe um aumento potencializado com a implantação recente do conjunto habitacional Santa Teresinha (com pelo menos 4.800 residências), que consiste num aporte de esgoto sem tratamento, além do lixo.
Este empreendimento foi construído junto às principais nascentes do córrego e aumentou o aporte de águas pluviais, devido à grande impermeabilização que ele gerou na região.
O relatório do Ministério de Minas e Energia aponta que o córrego e seus afluentes estão na sua totalidade tomados por moradias e por construções na sua Área de Preservação Permanente (APP). Nesses bairros foram constatadas casas que vêm sofrendo com problemas de inundações, onde são visíveis marcas nas paredes indicando a altura de até um metro, atingida pelas águas do córrego no último período chuvoso.
Essa situação foi relatada pela Defesa Civil Municipal e confirmada em campo com as evidências nas casas e com os relatos dos moradores. São 1.050 pessoas e 210 imóveis em risco somente nesta região.