Política

Decisão de sair foi tomada há 15 dias, diz ex-chefe da Casa Civil

Foto: José Medeiros/Gcom-MT

O ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, negou que sua saída do Palácio Paiaguás esteja ligada ao escândalo envolvendo a suposta “arapongagem” envolvendo grampos telefônicos ilegais realizados pela Polícia Militar (PM).

A exoneração do ex-secretário foi anunciada na última quinta-feira (11), mesmo dia em que a  reportagem do programa jornalístico Fantástico, da Rede Globo, entrou em contato com o Executivo estadual para buscar esclarecimentos sobre a denúncia investigada na Procuradoria Geral da República (PGR).

De acordo com a reportagem, entre as vítimas da quebra de sigilo telefônico estava uma pessoa que teve relacionamento amoroso com Paulo Taques.

Conforme o ex-secretário, sua saída do Governo já estava acertada com o governador Pedro Taques (PSDB) há algumas semanas.

“Nunca pedi ou solicitei a quem quer que fosse a gravação de A, B ou C”. Não tem nenhuma relação, até por que a decisão pela minha saída do Governo já havia sido tomada por mim e pelo governador há 15 dias”, disse ao Fantástico.

No lugar de Paulo, o governador nomeou o adjunto, José Adolpho de Lima Avelino Vieira.

Informação diferente

A declaração de Paulo Taques, no entanto, foi divergente da explicação dada pelo governador, em entrevista coletiva na última sexta-feira (12), no Palácio Paiaguás.

Questionado se o ex-secretário estaria envolvido na suposta arapongagem, Taques negou e disse que a saída de Paulo foi para cuidar da investigação envolvendo os supostos grampos ilegais.

“Eu preciso defender a minha honra e, por isso, pedi ao Paulo, ele concordou e saiu”, disse.

Taques ainda ressaltou que, caso o ex-secretário estivesse envolvido, não deixaria o cargo. “Paulo deixou de ser secretário e perdeu o foro por prerrogativa. Se tivesse cometido algum crime, alguns buscam prerrogativa”, pontuou.

A denúncia

A suposta quebra de sigilo telefônico ilegal era feita por meio de um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, em que números de telefones de pessoas sem conexão com uma investigação são inseridos em um pedido judicial de quebra de sigilo telefônico.

“A pessoa quer interceptar um advogado, um político. Pega um pedido no inquérito policial e coloca como se fosse o telefone de um traficante. O promotor não tem como checar todos esses números na hora em que vai dar seu parecer. O juiz não tem como checar na hora que dá sua decisão. E isso é autorizado”, disse Zaque, ressaltando que a investigação iniciada quando ainda estava na Sesp, foi motivada por uma denúncia anônima.

Conforme Zaque, ele informou Taques sobre a suposta irregularidade pessoalmente. “Eu levei essa documentação ao conhecimento do governador, devido ao fato de ter o envolvimento de pessoas muito próximas a ele. Secretários, inclusive”, declarou.

Entre os alvos da suposta arapongagem, segunda a reportagem, estão a deputada Janaína Riva (PMDB), o advogado eleitoral José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes do Santos “Muvuca”.

O governador Pedro Taques ressaltou que o ofício apresentado pelo promotor foi fraudado, uma vez que o número do protocolo emitido pelo setor responsável por receber tais documentos no Palácio Paiaguás seria o mesmo que outro ofício protocolado pela Câmara Municipal de Juara, solicitando a realização de obras naquele município.

Taques revelou à imprensa que a única denúncia que chegou ao seu conhecimento, diversa da que veio a público agora, foi recebida do então secretário Mauro Zaque, no dia 08 de outubro de 2015. Esta foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 14 daquele mês, e arquivada pelo então coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, no dia 27 de outubro de 2015.

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