Apesar do tom mais ameno do confronto na Rádio CBN, no período da manhã, o debate da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) realizado na noite desta terça-feira (13) também foi marcado por troca de acusações como “trairagem”, caixa preta e até discriminação na gestão pública, tomando o tempo disponibilizado pela entidade para apresentação de propostas. A qualidade dos serviços de saneamento básico na Capital voltou a provocar divergências.
A candidata Serys Slhessarenko (PRB) defendeu o retorno do serviço de saneamento para a gestão pública e afirmou que Wilson Santo foi prefeito por dois mandatos e, segundo ela, não resolveu o problema da água. “Ele deixou a prefeitura nas mãos de Francisco Galindo, que privatizou a Sanecap. A maior trairagem com a população”, acusou.
O tucano Wilson Santos, que já foi prefeito por duas vezes da capital-mato-grossense, rebateu. “Parece que a senhora vai resolver o problema da água. Já ouvi essa história antes. Cuiabá precisa de R$ 800 milhões para universalizar os serviços de água e esgoto. Eu construí a segunda maior estação de água, que perde apenas para uma construída pelo ex-governador Pedro Pedrossian. Sou candidato com pé no chão para evitar aventuras como a retomada da Sanecap.
Renato Santtana, candidato da Rede, lembrou que Sanecap era uma empresa pública e não conseguiu entregar água nas torneiras da população e que depois o serviço foi privatizado, mas também não melhorou. “Defendo a implementação do inventário de carbono para arrecadar recursos que serão investidos em esgoto em Cuiabá e também o Projeto águas do Pantanal que cuida do Rio Cuiabá”.
O candidato Emanuel Pinheiro (PMDB) afirmou que a solução para a questão do saneamento está na municipalização dos serviços. “Esta é a nossa proposta, porque a população tem sentido que as privatizações não deram certo. Inclusive a CAB estar sob intervenção após uma licitação feita de maneira pouco transparente”.
Emanuel criticou a gestão da CAB e afirmou que os números do tratamento de esgoto em Cuiabá são desastrosos. Ele lembrou, ainda, a Operação Pacenas, deflagrada pelo ex-juiz federal Julier Sebastião (PDT), seu adversário, e que investigou e gerou a suspensão dos recursos do PAC para investimento em redes de esgoto.
Julier Sebastião (PDT) afirmou que Cuiabá não tem saneamento hoje por conta de um longo período de ausência de serviços públicos nessa área e observou que Cuiabá e Várzea Grande, juntas, receberiam R$ 500 milhões para investir no setor. “Houve um desvio”, lembrou.
O pedetista ironizou: “Não deixarei episódios se repetirem como o da operação Pacenas, lembrando que o candidato Emanuel Pinheiro hoje tem o apoio de Francisco Galindo, ex-prefeito responsável pela concessão da Sanecap”.
A municipalização dos serviços de água e esgoto também foi defendida pelo Procurador Mauro (Psol). Ele citou que o relatório da intervenção demonstra um faturamento de R$ 16 milhões mensais e que os diretores receberam R$ 35 milhões em quatro anos. “Com a retomada dos serviços, o município também retoma a arrecadação”.
Máfia a e discriminação
O Procurador Mauro pontou o modelo de concessão do transporte coletivo. “Vejo que a máfia do ônibus está muito bem representada aqui”, afirmou, criticando a postura de Wilson Santos a frente da Prefeitura de Cuiabá afirmando que ele fez uma licitação “pouco transparente e vantajosa” para os empresários do transporte público.
Já o candidato Julier Sebastião criticou a gestão do atual prefeito Mauro Mendes (PSB). Segundo ele, nos últimos quatro anos de gestão as mulheres não tem sido reconhecidas como importante agentes de transformação e por isso o secretariado é compôs apenas por homens brancos. “A exceção do ex-secretário de Governo, Kleber Lima”.