No dia 24 de junho, a Praça Alencastro foi palco para uma manifestação em defesa do povo Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. Índios – Bakairi, Bororo, Chiquitano, Umutina – denunciando o massacre ocorrido contra a etnia Guarani-Kaiowá no último dia 14, quando entraram na fazenda Ivu para reivindicar a área como terra de ocupação tradicional. Jagunços armados atiraram contra os índios, atingindo fatalmente Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, e ferindo outros seis, dentre eles uma criança de 12 anos.
Os participantes da marcha contra o genocídio do povo Guarani-Kaiwá seguiram até ao Ministério Público para exigir providências. Além das faixas à frente da marcha, cruzes de madeira traziam nomes de indígenas assassinados e as circuntâncias dos crimes: Clodiodi Guarani-Kaiowa, Ângelo Kretã, Ambrósio Vilharva, Xurite Lopes, Vito Kaingang, Valdireide Zoromará, Denilson Barbosa Guarani, Semião Fernandes Vilharva, Chicão Xucuru, Adenilson Kirixi Munduruku.
E o Estado brasileiro? Ouve-se sua voz? A revista Carta Capital publicou “Funai pede socorro” que trata de dois problemas centrais: o reduzido número de servidores e a judicialização das demarcações de terras. A matéria aponta que “as restrições orçamentárias e de pessoal na Funai, além de pressões políticas, asfixiam o direito constitucional à terra, a principal reivindicação desses povos”. A Folha de São Paulo trouxe mais notícias sobre a situação caótica em que se encontra a Funai: perda de 23% de seu orçamento e um quadro de 36% de servidores. Em março deste ano, um grupo de funcionários da Funai enviou carta a diversas instâncias governamentais e à sociedade, manifestando seu estarrecimento diante ao enfraquecimento da instituição.
A Gazeta divulgou a posição da ONU diante dos crimes cometidos contra o povo Guarani-Kaiowá e pediu ao governo brasileiro para tomar “medidas urgentes” para impedir novos assassinatos.
Ainda ecoa a voz do Ministério da Agricultura do governo interino: “Não é justo acomodar índio e desacomodar uma família”.