Diferentemente do que habitualmente acontece no 20 de Novembro, vamos comemorá-lo enaltecendo a figura de Dandara? Calma, calma, calma! Zumbi dos Palmares não será aqui negligenciado porque Dandara foi sua companheira no Quilombo dos Palmares, onde tudo começou. Tudo o que? Nos anos seiscentistas, escravos, para fugir do jugo, das torturas e das mortes praticadas pelos donos de pessoas, passaram a morar em uma região afastada das fazendas – Serra da Barriga, hoje município de União dos Palmares, Maceió, Alagoas.
O tempo foi passando e o quilombo virou Palmares, um verdadeiro “Estado” de tipo africano formado por negros, indígenas e não indígenas foragidos. É concebido por muitos pesquisadores como o maior quilombo de todas as Américas, com uma área de influência de 200 km², a abranger os estados de Pernambuco e Alagoas.
Nesse cenário, assim como Zumbi, viveu Dandara. Uma escrava guerreira que chegou ainda criança em Palmares. Com Zumbi, teve três filhos: Motumbo, Harmódio, Aristogíton. Mesmo que na historiografia oficial brasileira a figura de Dandara não tenha um lugar de merecimento, principalmente pela escassez de documentos, o que, de certa maneira, também ocorre com a personagem de Zumbi dos Palmares, pois sua imagem continua envolta em controvérsias.
Dandara e Zumbi lideraram o complexo de Palmares depois da morte por envenenamento de Ganga Zumba, seu tio, líder entre os anos de 1656 a 1678. Isso porque o Tratado de Paz proposto pelo governador Souza Castro a Ganga Zumba, não foi aceito pelos demais negros e negras palmarinos, pois o acordo garantia a liberdade aos “negros nascidos em Palmares, ao passo que os outros habitantes do quilombo deveriam ser entregues às autoridades. Zumbi discordou do acordo, destituiu Ganga Zumba e assumiu o movimento de resistência dos Palmares.”
Dandara do quilombo dos Palmares ainda não faz parte da história oficial, mas está na galeria de mulheres negras da Fundação Palmares, uma entidade pública brasileira, vinculada ao Ministério da Cultura. Dandara não está nos livros didáticos do ensino Fundamental e Médio, mas povoa o imaginário de muitas pessoas, não somente como uma lenda, mas como a mulher de Zumbi que em 6 de fevereiro de 1694 preferiu o suicídio a voltar à condição de escrava. Ao lado de Zumbi, lutou com homens e mulheres para defender o ideal de liberdade de Palmares.
De hoje em diante, no dia 20 de novembro, vamos colocar lado a lado Dandara e Zumbi? Vamos comemorar o dia da consciência negra também com uma figura feminina que pode, com grandeza, representar as mulheres afrodescendentes do Brasil.