Opinião

DALVA 80 ANOS

Em outubro do ano passado, Mato Grosso ganhou um belo presente: a Galeria de Artes Lava Pés. No momento, outro presente: Dalva 80 anos! Dalva, um dos nomes mais representativos das artes plásticas, é a grande dama do espaço. Em cortejo, seguem, até hoje, cada qual à sua maneira, outros tantos artistas que a têm como grande mestra: Adir Sodré, Benedito Nunes, Dirce Nestor, Márcio Aurélio, Regina Pena e Gervane de Paula, este assina a curadoria da exposição.

Lá está o “Grupo dos 7”, a lembrar o “Grupo dos 5” da Semana de Arte Moderna. À frente, Dalva, que esteve no Ateliê Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso (1976-1980) e no Ateliê Livre do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT (1981-1996). Ao entrar intensamente para o mundo da Arte, assina seu nome em incomensurável legado artístico mato-grossense, brasileiro. Falar de Dalva, para além das suas criações, expressões ímpares são as que vêm de seus discípulos. O livro “Dalva Maria de Barros, garimpos da memória”, de Aline Figueiredo, pode ser adquirido no local. Os recursos advindos da venda do livro destinam-se à dama que abriu as portas da Galeria de Artes Lava Pés.

Impossível discorrer sobre todas as obras de arte da exposição. Tarefa fácil, contudo, se unida ao sentido da “Terra Brasilis”: divulgar a história e as culturas indígenas. No salão, entre tantos temas que remetem ao cotidiano de todos nós, está “A lenda do guaraná” (1979), de Márcio  Aurélio, identidade indígena na parede rosa, exclusiva dos discípulos. O Sateré-Mawé, do Amazonas, se considera “filho do guaraná”, o primeiro a cultivar o vegetal. Usado na elaboração de uma bebida ritual conhecida por “çapó”, acredita que dá força e vida, além de curar doenças.

Se o “porantim” é o principal símbolo Sateré-Mawé, remo onde está gravada a cultura indígena, as obras de “Dalva 80 anos” representam uma parte da identidade mato-grossense. Na agradável companhia de Tulisi Krishna, monitora da exposição, percorram páginas da vida do “Grupo dos 7” que, como o menino-guaraná, cultiva a semente do bem viver.  

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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