José de Anchieta (1534-1597) chegou ao Brasil em 1553 para preencher o vácuo de religiosos para desenvolver a atividade de evangelização. O religioso, que desde jovem padecia de tuberculose óssea, da Bahia logo foi encaminhado à Capitania de São Vicente, momento em que conheceu o Padre Manuel da Nóbrega. Anchieta abriu os caminhos do sertão, aprendeu a língua tupi, catequizou e ensinou latim aos índios.
Mas, o que diferenciou a atuação religiosa de Anchieta dos demais religiosos de seu tempo foram os métodos utilizados para a catequização indígena. Nas pregações, ocupou-se dos povos indígenas a combinar dogmas do Cristianismo aos propósitos da dizimação e da violência do colonialismo. Anchieta se engajou em uma complexa tarefa: a de transmitir conceitos abstratos do monoteísmo cristão, quando elementos da cosmogonia indígena uniram-se aos da liturgia que trata das cerimônias e dos ritos da igreja católica.
E os tempos mudaram… Há indígenas que mantêm suas crenças mítico-religiosas como há também aqueles que adotaram religiões do mundo ocidental. Mas, o fenômeno que mais ganha corpo nos dias de hoje é o protagonismo indígena.
O protagonismo indígena obtém força no Movimento Indígena no Brasil que ganhou maior evidência, em 1987, durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. No que diz respeito aos direitos indígenas, o resultado final desses trabalhos favoreceu a atuação dos povos indígenas como protagonistas de suas próprias histórias e que se fazem presentes em diferentes jurisdições, públicas ou privadas: organizações indígenas, representatividade das lideranças, elaboração de projetos e políticas públicas, diálogo mais direto com diferentes instâncias do Estado e da sociedade civil.
No Brasil, os quase 900 mil indígenas, 0,47% da população total do País, compõem a paisagem cultural das aldeias e das cidades. Ainda são vítimas de violência e preconceito sem tamanho. Contudo, cada vez mais, vem crescendo o fenômeno do protagonismo indígena que indica novos espaços de atuação política.