Seu Sirjão
Faleceu o seu Sirjão Capilé, no auge dos seus 97 anos. Seu Sirjão, entre outras louváveis profissões, foi marqueteiro de Fernando Corrêa da Costa. Pessoa ímpar, pai da proeminente porta-bandeira de nossa cultura, Vera Capilé, e avô da talentosa Juliana Capilé, era duro na queda, tanto que até bandidos enfrentava na chácara onde vivia. Juliana, aliás, sempre quis fazer um documentário sobre o avô, contando suas peripécias. O doc tinha até título: “O homem que não sabia morrer”. Infelizmente, chegou o dia de ele aprender a última lição.
Será o Benedito?
Minha empresa é bem no meio da Mandioca, tradicional reduto boêmio da cidade. Todos os dias nos deparamos com as ruas sujas, usuários de crack rondando nossas propriedades, bandidos assaltando até à luz do dia. Pois a Prefeitura finalmente resolveu intervir. Só que do lado contrário. Em vez de coibir o uso de drogas, de colocar um policiamento ostensivo, ou colocar lixeira nas ruas, a Prefeitura resolveu multar os bares do local. Bem a cara do Brasil: em vez de darmos condições, vamos foder com tudo. O motivo, não tem o mínimo de cabimento: o estabelecimento não tem autorização para vender uma cerveja artesanal. Faça-me o favor, Mauro Mendes: me leve pra morar na Cuiabá das suas propagandas. Porque aqui no Centro Antigo não dá mais.
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Durante esses 3 anos depois da minha volta, sempre apoiei a cultura de nosso estado. Incondicionalmente. Quem me conhece sabe que resgatar nossa cultura e aqueles que geram a nossa cultura sempre foi minha bandeira. Mas cansei. E não é por falta de talentos ou por causa da nossa cultura maravilhosa, tricentenária, multicultural. Mas por culpa de quem faz ela. Ou melhor, se aproveita dela. Quem finge que é artista ou profissional. Em Mato Grosso, trabalhar com cultura é sinônimo de franciscanismo e amadorismo. Sermos amadores, no principal significado da palavra, é de interesse de alguns artistas e produtores culturais, pois assim eles continuam ganhando, continuam tendo destaque, pois assim eles continuam sobrevivendo das migalhas. E claro que são migalhas: ninguém em sã consciência investe se não existir o mínimo de profissionalismo. Não dão valor ao trabalho executado, não conseguem olhar além do umbigo. Um mercado cheio de Desenvolve um projeto pra mim? Ah… não quero mais usar. E pior. Tudo isso aliado a Secretarias ineficientes, que só apoiam seus entes e amigos, sepultam o último fies de esperança de quem realmente quer transformar a cultura na nova revolução industrial.
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Ainda atendo dois artistas: a Estela e a Capu. Artistas que são artistas que investem em formação, em equipe, em apostar no talento. Artistas que não têm medo de investir. Artistas que investem tudo que têm nessa etapa criativa da vida. E uma casa que cria artistas: A Casa do Parque. Mas só não muda de ideia quem não tem. Estou louco para queimar minha língua. Estou louco para voltar a investir em nossa cultura. Desde que tratem a nossa cultura como ela merece.