Antes de ser preso, Eduardo Cunha mostrava-se reticente em firmar uma delação premiada. Seu maior desestímulo era observar a dificuldade que os executivos da Odebrecht tinham em acertar os ponteiros com os investigadores. Agora é vista por ele como a opção mais segura para tentar proteger a mulher, Cláudia Cruz, e os filhos.
A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na quarta-feira (19) trouxe à tona entre os deputados outro tema considerado explosivo para a política em Brasília: a especulação de que a prisão do peemedebista antecederia uma ordem de prisão do juiz Sergio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também réu em processo da Operação Lava Jato.
Para o líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), uma eventual delação de Cunha poderia "derrubar" o governo do presidente Michel Temer.
"A delação premiada dele derruba o governo Temer e causa uma imensa turbulência na Câmara, porque ele detinha 200 deputados na mão, gente que ele financiou, que ele cooptou, que ele chantageou", diz. "Existe um tremor, seja no governo, seja no Congresso Nacional. A prisão dele e uma possível delação causa uma turbulência muito forte aqui [na Câmara]", afirma Valente.
Cunha e seus advogados têm negado a possibilidade de realizar um acordo de delação premiada.
"Se ele tem algo a revelar, acho bom que o faça. É preciso tirar debaixo do tapete muita coisa que estava escondida. Acho que é um bom momento", disse o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que foi relator do processo de cassação de Cunha.
Um dos principais aliados de Cunha na Câmara, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) disse não ter informações sobre se o peemedebista poderá fazer um acordo de delação. Segundo ele, antes de ser preso, o peemedebista falava que não delataria. "Não dá para falar sobre isso. É uma questão de cada um. Depende da família também", disse o parlamentar, que é presidente do Solidariedade.
Outro aliado de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) afirmou que Cunha negou a ele recentemente a possibilidade de fazer delação. "Falei com ele pessoalmente no dia 13 de setembro, dia seguinte à cassação que aconteceu no dia 12. De lá para cá, troquei rápidas palavras com ele por telefone e ele nunca falou em fazer delação ou qualquer coisa a respeito", disse.
Fontes Revista Época e Uol