Cuiabá precisa de motivos para comemorar mais um aniversário. A lembrar do Carnaval, quando a Estação Primeira de Mangueira estendeu seu manto verde e rosa sobre a Avenida Sapucaí, no Rio de Janeiro, para dar passagem a 4.000 mil componentes do Carnaval, ano em que Jamelão, tradicional intérprete de inúmeros sambas-enredo mangueirenses, completaria 100 anos. Em 2013 foi a vez de o Sambódromo acolher Cuiabá em seus domínios.
À época, a Prefeitura de Cuiabá lançou-se à tarefa de investir na Escola Estação Primeira de Mangueira para que a capital mato-grossense figurasse no samba-enredo da escola. O Carnaval carioca apresentou as belezas naturais e atrações cuiabanas e do Estado às pessoas de todos os cantos do mundo. O samba-enredo Cuiabá: um paraíso no centro da América embalou os carnavalescos durante o desfile no Sambódromo, fez alusão aos costumes mato-grossenses, sem esquecer-se da devoção a São Benedito.
O nome Cuiabá é originário de Ikuiapá, uma palavra de origem Bororo que indica ser um lugar onde os índios pescavam com flecha-arpão. Seu território contíguo abrangia partes da Bolívia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. À época da fundação de Cuiabá, têm-se notícias de que havia 10.000 índios e foram considerados bravios pelos integrantes das bandeiras paulistas que adentraram em seus territórios no século XVIII, quando organizaram expedições para exterminá-los. Hoje sua população não ultrapassa 1.700 índios.
O povo Bororo, que se autodenomina Boe e é falante de uma língua pertencente ao tronco linguístico Macro-Jê, não foi referendado na composição do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira. Com certo esforço, sua presença pode ser lida nas entrelinhas da letra da canção e nas alas carnavalescas e carros alegóricos. Mas o Carnaval se foi, e como disse o samba-enredo da Mangueira que homenageou Cuiabá: procure seu par, a festança vai começar na bênção de São Benedito eu vou dançar com meu amor… Feliz aniversário, Cuiabá! Motivos não faltam para comemorações. Que cada um escolha o seu e procure seu par, com disse a canção, a embalar a todos pelo chocalho Bororo.