De 2006 a 2013 o índice de pessoas com excesso de peso cresceu constantemente no país, sendo 5% em sete anos, estabilizando apenas em 2013, com total de 50,8%. Em relação ao público feminino e masculino, a pesquisa apontou que os homens são os que mais estão fora do peso ideal, correspondendo a 54,7%, enquanto as mulheres estão com 47,4%.
Sendo assim, a capital mato-grossense está 5% acima da média nacional na questão de excesso de peso. Em segundo e terceiro lugares ficaram Porto Alegre e Rio de Janeiro, com 54% e 53% respectivamente. E a capital com menor índice de sobrepeso é São Luís (42%).
Já os níveis da obesidade ainda são mais graves. Cuiabá ficou no topo da lista, com 22%, e na outra ponta, São Luís permanece no último lugar, com 13% de pessoas obesas. A média de pessoas com obesidade no Brasil é de 17,5%.
Especialista no assunto, o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Carlos Fett explica que dois motivos influenciam esse triste quadro. O primeiro está relacionado ao ambiente e ao tipo de alimentação que é consumido, geralmente muito calórica. E o segundo é a falta de espaços para a prática de exercícios físicos.
“Todo o tipo de alimentação oferecida na região é baseado em carne que contém gordura, além disso, é a capital com maior consumo proporcional de cerveja, o que leva as pessoas a comerem aperitivos gordurosos. E para piorar essa situação, Cuiabá é uma cidade pouco convidativa para a prática de exercícios físicos”, destaca Fett.
Para o professor, a falta da prática de exercícios está relacionada também à falta de gestão pública, que não investe em estrutura das calçadas e espaços de lazer, como parques, academias ao ar livre, entre outros.
E esse sedentarismo leva ao consumo sem controle de alimentos. Além disso, outra questão levantada pelo especialista chama atenção: a incidência de crianças que também já fazem parte dessa população acima do peso.
“Quanto mais exercício físico uma pessoa pratica, mas ela procura cuidar da alimentação, é um ciclo. Contudo, com a vida sedentária e com a má alimentação dos adultos, os filhos acabam também consumindo o mesmo tipo de comida, o que tem levado crianças de 5 anos a apresentar doenças cardíacas, o que há alguns anos praticamente não existia”, acrescenta Carlos Fett.
A pesquisa mostra que em relação à prática de exercícios físicos, Cuiabá ocupa a 16% posição entre as capitais.
Alto consumo de cerveja favorece a obesidade
Um dado que o cuiabano também não deve ser orgulhar se refere ao fato de o município estar em primeiro lugar entre as capitais que mais consome cerveja no Centro-Oeste. A pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que o perfil dos usuários compreende principalmente jovens entre 18 e 24 anos que consomem 61% de cerveja ou chope.
Apesar de a pesquisa ter sido realizada em 2008, os reflexos do alto consumo de álcool são por ela diagnosticados, apontando os cuiabanos com a medida fora do ideal no país.
Mas o alto índice de consumo de cerveja também se reflete em nível nacional. O Brasil supera a média mundial e apresenta taxas superiores a mais de 140 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A OMS avaliou dados de 194 países e chegou à conclusão que o consumo médio mundial para pessoas acima de 15 anos é de 6,2 litros por ano. No caso do Brasil, os dados apontam que o consumo médio é de 8,7 litros por pessoa por ano. Contudo, esse volume caiu entre 2003 e 2010: há dez anos, a taxa era de 9,8 litros por pessoa.
O especialista Carlos Feet explica que o consumo de cerveja está diretamente ligado ao peso, principalmente quando o público analisado é o masculino. “Os homens consomem muito mais cerveja que as mulheres, pois estão sempre reunidos no bar, lugar este onde o consumo é maior, ou então no churrasco de domingo, onde o consumo dura o dia inteiro”, diz.
Além disso, o especialista destaca que as mulheres sempre tiveram mais atenção com o corpo e que por isso recorrem mais às academias.