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Crise econômica: investir em que?

Inflação nas alturas, queda do índice de emprego e alta nas contas essenciais dos cidadãos. A crise financeira no país ganhou força este ano, desde o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Depois de muitos anos com o país despontando em estabilidade econômica, o amargor do setor financeiro bateu à porta da população. Mas, em meio a estas questões, no que é bom investir?

A preocupação que gira em torno da cabeça do trabalhador – principalmente de classe média –, é no que aplicar neste momento de instabilidade. Com o dólar supervalorizado, há um alto risco de que a realidade mude de uma semana para outra. O economista Mauricio Munhoz alerta que o momento é de ‘segurar as pontas’ ou criar um perfil mais ‘conservador’ até que haja melhora no setor. “É muito complicado você falar de investimento de alto risco, ou seja, não é seguro. Alguns investimentos podem ser bons agora, mas daqui a uma semana já podem não ser mais. Então, a sugestão a ser feita em época de crise são os investimentos conservadores. Poupança, por exemplo”.

Mesmo que seja algo pouco rentável, Munhoz aposta que a poupança é o melhor modelo de investimento para o momento. Ele alerta que aplicações de alto risco devem ser bem analisadas antes que sejam colocadas em prática.

“É baixo o rendimento, mas é seguro. Você não vai perder muita coisa. Se for para aconselhar para investir em ouro ou dólar, o que pode ocorrer é que ambos podem perder força na próxima semana. São investimentos que são de grande risco. Então, o melhor investimento é o investimento conservador”.

Outro investimento certeiro é a compra de terrenos ou imóveis. Dependendo do valor oferecido, este produto se torna seguro para pequenos investidores que não querem se arriscar: “De repente um terreno que estiver em um preço bom, ou um imóvel, sempre vale a pena. Ele tem a segurança, independente se a economia está para cima ou para baixo. Se você comprar a um preço bom, ele sempre é um bom negócio”.

No entanto, embora seja interessante fazer investimentos conservadores neste momento de crise, Mauricio pondera os conselhos e ressalta que o consumidor também não pode deixar de investir em produtos desejados, mesmo que haja um pequeno risco na ação.

“Vamos supor que todo cidadão escute a minha opinião, de que tem que ser conservador, não pode comprar um carro agora porque a economia está em crise, e isso gerar juros altos, perda de emprego, entre outros. Se eu falo isso e que todo mundo me escute, vai desaquecer ainda mais a economia. Daí sim vai gerar mais desemprego”.

O economista ainda explica que a crise pode ser uma questão ainda mais psicológica que real: “Agora, não deixe também de viver a sua vida, porque você está contribuindo para prejudicar o seu próprio espaço. Se todo mundo deixar de comprar um carro, imagina a consequência econômica que isso pode gerar. Crise é psicológica. Ao mesmo tempo em que a gente tem que tomar cuidado, a gente não pode recolher todo o fato, se não estaremos contribuindo muito para o nosso próprio clima ruim”.

‘Crise psicológica’

Em se tratando de campo psicológico, Mauricio destaca que a crise econômica nasce primeiramente dentro deste conceito. Devido ao fato de o país estar politicamente dividido entre grupos de dois partidos, a oposição sempre reforça a ideia desta instabilidade, o que gera certa insegurança por parte do cidadão: “A inflação é sempre uma questão psicológica no inconsciente político. Infelizmente o Brasil está bem dividido na questão política. De um lado o grupo do PSDB e de outro o grupo em torno do PT. Aí, isso de oposição versus PT provoca um clima que pode jogar muito para baixo o país”.

Prova disso, para Munhoz, é que a economia estava estabilizada na época das eleições. E por conta disso, houve a vitória da atual presidente. “Logo que a Dilma ganhou a eleição não estávamos em crise como estamos hoje. A inflação estava sob controle, o desemprego estava baixo, mas com o PSDB e este grupo todo começou a bater muito que havia esta crise, a crise realmente aconteceu”.

E quando a ‘crise’ acaba?

Após muitos anos sem saber o que era a sensação de ter uma crise econômica ao lado, o brasileiro se pergunta diariamente quando isso irá acabar de fato. Para o economista, a previsão é que isso acabe em breve. Segundo Munhoz, com os novos investimentos internacionais que o governo tem feito, há a expectativa de que o este cenário econômico se reverta. Além disso, o economista ressalta o otimismo com os novos planos de privatização que a União estuda aplicar, para amenizar a instabilidade. No dia 9 desse mês, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou um pacote de privatização, ou concessões, de segmentos importantes da infraestrutura do país, como estradas, ferrovias, aeroportos e portos. O Programa de Investimento em Logística (PIL) tem previsão de investimentos na ordem de R$ 198,4 bilhões nos próximos anos, sendo R$ 69,2 bilhões entre 2015 e 2018.

“Os indicadores para mim mostram que até ano que vem a economia começa a se recuperar. Se a Dilma cumprir esta meta de privatização de portos, isso vai dar um aquecimento para a economia. Independente desta questão, a economia vai melhorar. Eu sou otimista e os indicadores mostram que vai melhorar”.

Noelisa Andreola

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