Deborah Ellis é uma ativista ligada aos movimentos feminista e pacifista, Ellis já teve suas obras traduzidas em 17 línguas, tendo-se tornado internacionalmente conhecida no Brasil pela publicação de “A viagem de Parvana: mais histórias de uma garota afegã” (2006) e “A outra face: história de uma garota afegã” (2009), ambos publicados pela Editora Ática. As obras são resultado de uma viagem ao Afeganistão que a autora fez em 1997, retratam as aventuras de uma menina afegã chamada Parvana, e estabelecem uma reflexão sobre a condição feminina num país dilacerado pela guerra e conduzido pelo fundamentalismo islâmico dos talibãs.
Parvana, a adolescente afegã que se travestiu de menino para poder ajudar a família sem despertar suspeitas durante o regime do Talibã, acaba de perder seu pai. Sozinha e desamparada, percorre o país para reencontrar sua família em meio a cidades e lugarejos destruídos pelos conflitos, desolados pela pobreza e marcados pela desesperança. No caminho, encontra um bebê, um garoto mutilado e uma órfã. Juntos, eles passam por diversos lugares devastados, repletos de miséria e falta de esperança.
Para a sua criação, a autora se inspirou em depoimentos recolhidos em campos de refugiados no Paquistão, país vizinho ao Afeganistão. O objetivo de Ellis era desencadear o debate sobre regimes totalitários, igualdade de condições entre homens e mulheres e outros temas relevantes sem, no entanto, abandonar o tom intimista e a qualidade literária.
Segundo a premiada escritora brasileira Ana Maria Machado, membro da Academia Brasileira de Letras, Ellis teve sucesso em sua empreitada ao abordar com simplicidade um tema tão importante quanto a diversidade cultural e os direitos das mulheres. Para Ana Maria, a linguagem do livro "não é de jornalista, nem de professora, nem de quem esteja fazendo um discurso político. É sempre o tom de quem conta bem uma história, de perto, colada na personagem. E, apesar disso, informa, ensina e desperta a solidariedade".