A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de investigação ao prefeito Emanuel por quebra de decoro será retomada na próxima semana com uma preocupação mais e externa aos seus trabalhos. A proximidade de seu calendário às articulações para as eleições municipais.
O presidente da CPI, vereador Marcelo Bussiki (PSB), admite que a base do prefeito poderá usar o tema eleitoral como estratégia para afastar de vez a possibilidade de Pinheiro comparecer à oitiva.
“Nossa preocupação nem é com o prefeito em si, é mais com a base que poderá usar a CPI para se promover eleitoralmente e com isso buscar um caminho para que o prefeito não vá à CPI, para dar esclarecimentos. Mas, é bom lembrar que a CPI teve início quando o assunto da eleição ainda estava muito longe”.
A investigação, que ficou conhecida como CPI do Paletó, teve início em 2017 e por motivos judiciais foi travada mais de uma vez pela base da gestão de Pinheiro via a presidência da Câmara dos Vereadores.
Neste momento, a possibilidade de nova intervenção judicial, com recurso para travar novamente os trabalhos, continua uma preocupação. Somente no ano passado, o vai e volta dos trabalhos da comissão teve duas decisões para cada lado.
Misael [Galvão, PSB, presidente da Câmara] disse iria ver com a Procuradoria do Legislativo a situação, para ver se iria entrar com novo recurso. Mas, até o momento nada foi comunicado com a gente. Espero que não haja problema”, diz Bussiki.
A decisão mais recente é do dia 10 deste mês. A desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos reviu sua decisão anterior, que suspendeu o andamento da CPI, com a justificativa de que a permanência da suspensão tolhe o direito do vereador Diego Guimarães (Progressistas), autor do recurso, pela aproximação do fim de seu mandato.
Essa avaliação eleitoral começa a perpassar a comissão já na próxima semana, quando a Câmara de Cuiabá retorna do recesso do fim de ano. A eleição suplementar ao Senado deverá ter efeito, ainda que remoto, no calendário da Câmara. E quando esse processo encerrar, no fim de abril, as articulações para eleição municipal tendem estar em alta temperatura.
“Vamos seguir nosso calendário e usar a transparência dos trabalhos da CPI como remédio contra qualquer tentativa de se querer jogar a investigação para as eleições. A sociedade já acompanha e vai continuar a acompanhar”.
A CPI do Paletó vai retomada com o prazo de 120 dias zerado. As primeiras atividades na próxima semana serão reagendar as oitivas de envolvidos no suposto pagamento de propina a deputados estaduais durante o mandato de Silval Barbosa (sem partido). O ex-governador, seu chefe de gabinete, Silvio Corrêa, estão no topo da lista dos a serem ouvidos.