Com delegacias sem estrutura básica, como computador para lavrar flagrantes, goteiras, rachaduras, mofo, fiações elétricas expostas, o setor ainda sofre com a falta de efetivos no tripé que sustenta a Polícia Civil do Estado: delegados, escrivães e investigadores.
Anibal Marcondes Fonseca, presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil do Estado (Siagespoc), reclama da atual situação da classe pela falta de recursos do governo. Este ano o orçamento de R$ 11 milhões já está todo comprometido e isso reflete no serviço das delegacias. Além do ‘estouro’ orçamentário, “os contratos não estão sendo renovados provocando a diminuição do número viaturas de todo o estado e o serviço de limpeza já foi reduzido à metade. Há delegacia no interior que não têm nem computador; quem leva é o delegado, o escrivão ou o investigador”, reclama o presidente.
O problema mais grave atualmente por falta de verbas é o parco efetivo da Polícia Civil que está com um déficit de 2.700 profissionais. Para Anibal, “o ideal para atender a demanda de todo o estado é um efetivo em torno de 4600 servidores; atualmente temos 1.700, sem contar os que estão em férias ou licenças-prêmio ou médicas”.
O presidente toma como exemplo a região do Araguaia/Xingu, onde a situação é de calamidade. Em que pesem os conflitos da área, há delegacias com um ou no máximo dois policiais: “É inadmissível, um estado com proporções continentais ter um efetivo tão ínfimo”.
Anibal declara que o cidadão de Mato Grosso que paga imposto é vítima duas vezes: uma, quando sofre o delito; outra, quando procura uma delegacia e não tem atendimento eficiente, pois não consegue atender a demanda. Conta o presidente que o foco da sua classe é investigar crimes e delitos, mas não tem recursos, principalmente no interior, e com isso está ocorrendo desvio de função, com o investigador cuidando de preso e do prédio que seria trabalho do agente prisional.
O líder dos investigadores afirma: “Foi liberado o edital para um concurso para preenchimento de 450 vagas, mas não foi autorizado por falta de verbas. No início do ano, o governador Silval afirmou que iria contratar, mas não cumpriu a palavra até agora”.
Pelos graves problemas gerados aos cidadãos que são mal atendidos pela parca estrutura da Polícia Civil, Anibal deixa uma pergunta sem resposta: “Como querem criar delegacias especializadas sem efetivo e sem infraestrutura?”.