Política

Corrida eleitoral começa a tomar forma

Com a saída do prefeito Mauro Mendes (PSB) da disputa pela prefeitura de Cuiabá todo o cenário eleitoral para 2017 se esfacelou, aumentando ainda mais as dúvidas quanto ao próximo gestor da capital.

Para o analista político e professor João Edisom de Souza, nem os donos de bolas de cristal conseguiam imaginar o que iria ocorreu em Cuiabá.

Ele brinca dizendo não ter uma base forte para afirmar, mas “dando uma de mãe Diná”, arrisca pontuar que a disputa ficará entre Emanuel Pinheiro (PMDB) e Wilson Santos (PSDB), mas que, em algum momento o Procurador Mauro (PSol) deve crescer e com isso se tornar alvo de críticas, para que na sequência o cenário inicial seja retomado com a possibilidade de um segundo turno entre os dois.

Apesar de todo apoio envolto ao candidato de última hora, Wilson Santos, o analista aponta Emanuel Pinheiro como favorito, hoje, para ganhar a eleição à prefeitura de Cuiabá.

 “Ele teve um tempo maior de construção da candidatura e há um certo auê em torno dele pela questão do RGA que o colocou em evidência e todo esse processo. Por outro lado, toda eleição tem um candidato a ser batido, que antes era o Mauro e agora será o Emanuel, o que significa que ele não terá apenas o canhão do Wilson Santos virado para o lado dele, mas de todos os candidatos” analisa.

De acordo com ele a desistência de Mendes tende a favorecer os candidatos menores. Considerando que, do ponto de vista das pesquisas o desistente é quem estava em primeiro lugar, automaticamente uma parcela desses eleitores tendem a migrar o voto, especialmente ao Procurador Mauro, Serys (PRB) e Julier Sebastião (PDT).

Apesar das circunstancias favoráveis ao Procurador Mauro, Edison pontua que ele é um candidato com dificuldade na captação de votos, sem renovação do discurso e proposições pouco factíveis e radicais para o momento.

“Ao mesmo tempo em que a população quer o novo, também quer um negociador menos radical”, pontua, explicando ainda que o possível crescimento do candidato do Psol o colocaria na mira de pessoas contrárias à Dilma – com quem o Psol fechou questão. Além disso, o fato das propostas do Procurador tenderem para o campo ideológico e o partido ser um empecilho podem frear o crescimento e atrapalhar a disputa, caso os holofotes se voltem para ele.

“Não o vejo como vitorioso, mas como um fator interessante dentro desse processo. Se o Mauro Mendes tivesse continuado, o Procurador teria sua disputa apagada e iria concorrer com Julier, abaixo da Serys, mas com a desistência do Mauro há um grau de descontentamento que poderá aumentar os votos de protesto. Agora precisamos saber qual tom a Serys irá implantar em termos de discurso, pois ela tem conteúdo para discussão, mas não dá para saber se ela estará atualizada e isso é uma incógnita”.

A migração de partidos da ex-senadora também levanta a questão de atualização de discurso da candidata, assim como suas condições físicas para “aguentar o tranco” que é uma eleição majoritária, tendo em vista sua experiência septuagenária. 

Para o especialista em política essa eleição “vai ter briga e nessa briga pode acontecer de tudo”.

O nome de Wilson Santos

Em 24 horas a coligação que apoiava Mendes precisou decidir quem seria o novo candidato para disputar a eleição e nomes como o do deputado federal Fábio Garcia (PSB), Gilberto Figueiredo, o empresário João Dorileo Leal (PSDB),  deputados estaduais Eduardo Botelho (PSB) e Guilherme Maluf (PSDB) foram postos como possibilidade, mas a maioria declinou da possibilidade abrindo espaço para o deputado estadual Wilson Santos.

“Não existia tempo hábil de construir uma candidatura a partir do zero, teria que ser alguém que fosse conhecido na cidade e nada melhor do que substituir um prefeito por um ex-prefeito, do ponto de vista da publicidade. Além disso, o candidato de última hora tem muito a ganhar pois ele ganhou palanque para discutir algo que ficou lá no passado e que ele não tinha espaço para falar do que ele fez e não fez, o que errou e o que acertou” pontua João Edisom.

O fato é que Santos conhece o município, tem uma fala fácil e vai enfrentar um colega de parlamento com quem está acostumado a debater, além do fato de Pinheiro ter sido secretário na gestão de Wilson. Tudo isso deverá  polarizar o debate, mas não os votos, entre os dois candidatos .

“Como o Wilson fará as pessoas voltarem a acreditar nele? Ele está para a cidade, assim como um cara que supostamente traiu a família. Ele pode ser aceito? Lógico que pode! Mas para isso ocorrer depende muito mais dele do que de qualquer outra coisa. Não vai ter marketing que fará milagre com ele, então ele em pessoa terá que ter boa aceitação. Não adianta falar apenas que se arrependeu dos erros que cometeu lá atrás, pois do outro lado haverá um candidato o fustigando”.

Josiane Dalmagro

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