Há seis dias em greve, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT) confirmou a permanência da paralisação dos serviços de coleta, distribuição e atendimento na estatal. Entre os motivos citados pelo presidente do sindicato, Edmar Leite, está a precarização dos serviços que dá margem a privatização da empresa.
“Estamos em greve por concurso público, pela não privatização da empresa, não fechamento de agências. Para voltar a ter a qualidade que a gente tinha antigamente que hoje não conseguimos ter pela falta de funcionários. É uma greve por melhorias para a população e para nós trabalhadores”, explicou Edmar, ao Circuito Mato Grosso.
Desde o dia 27 de abril, apenas 30% dos servidores estão garantindo os serviços no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas, Centro de Distribuição Domiciliar e nas agências.
Com grande dificuldade financeira, Edmar Leite admite a precarização da estatal, que não consegue cumprir com os prazos nem em situações normais, por conta da falta de trabalhadores.
“A greve com certeza causa problemas, mas, mesmo sem a greve, nós não conseguimos fazer as entregas no prazo, pois a direção da empresa não faz concurso há muito tempo. Os governos que passaram sucatearam os Correios”, lamentou o sindicalista.
A principal preocupação dos sindicatos, apontada pelo presidente do Sintect, é o eventual fechamento de 250 mil agências em todo o país e a demissão de 25 mil funcionários.
“O serviço é de péssima qualidade para a população e a culpa não é nossa. Isso [a precarização] foi feita de forma proposital com sucateamentos nos últimos 10 anos para privatizar os Correios, pra cair a credibilidade, cair a qualidade dos serviços e a população pensar que a saída é privatizar”, afirmou.
Edmar aponta as consequências da privatização para a sociedade que, segundo ele, deixa de ter serviços em regiões mais afastadas da Capital.
“Se isso [a privatização] acontecer é ruim para nós que perdermos os empregos. É ruim pra população que deixa de ter os Correios cumprindo o papel social em todas as cidades do País. Será que uma empresa privada vai querer manter uma unidade em Santo Antônio do Leverger, na Região do Xingu, Araguaia, Colniza? Privatizando perdermos nós e perde a população também”, pontuou.