Cidades

Córrego desaparece no Coxipó por conta do desordenado crescimento da Capital e VG

 
O morador José Maria da Cruz escreveu para o Circuito Mato Grosso contando que ficou extremamente chocado ao ver, na semana passada, centenas de peixes mortos no córrego –traíras, acarás, bagres de grota e lambaris – o que segundo ele, teria ocorrido por conta da obra do novo residencial. “Quando a água não era contaminada eu via urutaus, havia muito peixe e até jacarés”, relata, reclamando que a obra – de responsabilidade da Construtora Lotufo – tenha prejudicado por completo a cabeceira. 
 
Maria Irene de Lima também não esconde a indignação. Há 24 anos morando no bairro Parque Residencial, ela se lembra de quando ali lavava suas roupas e louças e toda a família tomava banho. “Eu sempre mantive o quintal bem limpinho, mas é verdade que muitos vizinhos não cuidaram e outros passaram a jogar a sujeira de casa no córrego. No entanto, ele só ficou totalmente destruído despois que começaram essa obra do residencial aí do lado”, relata Maria Irene, mostrando o monte de terra e areia que desceu com as chuvas, chegando a cobrir toda a dimensão do córrego. Nas últimas semanas, máquinas abriram uma valeta no local e começaram a canalização do “Gelado”. 
 
Quem também se recorda de como era limpo o córrego é o catador de sucatas Joelson Machado. Ele mora há 20 anos na região e conta que já pescou e viu muitos pegando iscas ali para pescarias no próprio Coxipó ou rio Cuiabá. “Estou gostando muito de ver a cidade crescer com essa obra aí do Residencial Santa Terezinha, mas é triste ver o fim deste córrego”.
 
Para o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso Rubem Mauro, é praticamente impossível evitar transformações em córregos urbanos. “A cidade cresce e sempre haverá alguma intervenção no leito do córrego”, observa lembrando que toda obra deve ter licenciamento ambiental da prefeitura antes mesmo de ser iniciada. “Infelizmente não há muito que fazer em relação a esses córregos que ficam dentro da cidade”, diz o professor.
 
O professor Juacy da Silva, fundador da UFMT e mestre  em sociologia, ex-diretor do extinto Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Cuiabá, o IPDU, observa que a transformação de dezenas de córregos em esgoto a céu aberto ocorre “ante o olhar passivo, omissão dos poderes públicos e de autoridades que deveriam exercer o poder de polícia dos cargos ocupados”. 
 
Dentro dos conformes
 
De acordo com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá, a Defesa Civil está acompanhando o andamento da obra e todas as medidas determinadas estão sendo postas em prática, como a construção de bacias de contenção da água para evitar alagamentos no período chuvoso, limpeza do córrego, contenção de pedra e terra, além da construção de três bueiros.
 
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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