O corpo da vereadora Marielle Franco, 38 anos, assassinada na noite de ontem (14) na esquina de Rua Joaquim Palhares com João Paulo I, no Estácio, região central do Rio, permanece no Instituto Médico Legal (IML).
O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro da vereadora, também morreu na hora. O corpo de Marielle será velado na Câmara de Vereadores do Rio. Às 11h, está marcado um ato no salão principal do Palácio Pedro Ernesto.
A necrópsia nos corpos da vereadora e do motorista já foi feita pelo IML. Uma assessora parlamentar de Marielle, que ia no banco do carona, ao lado do motorista, sofreu apenas ferimentos de estilhaços de vidro, foi medicada no Hospital Souza Aguiar e liberada. Ela passou a madrugada prestando depoimento na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca.
Marielle foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando ia para casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento ligado ao movimento negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro, quando os criminosos emparelharam com o carro da vítima e atiraram nove vezes.
Perfil
Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016, com 46.502 votos. Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas.
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio. No primeiro mandato, Marielle era presidente da Comissão Mulher da Câmara dos Vereadores do Rio.
Nota diz que governo acompanhará apuração do crime
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou hoje (15) nota informando que “o governo federal acompanhará toda a apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista que a acompanhava na noite desta quarta-feira, no Rio de Janeiro. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, falou com o interventor federal no estado, general Walter Braga Netto, e colocou a Polícia Federal à disposição para auxiliar em toda investigação” finaliza a nota.
Nota da OAB-RJ
Assim que tomou conhecimento do assassinato da vereadora do (Psol), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio, Felipe Santa Cruz, entrou em contato com a Chefia de Polícia para cobrar uma imediata apuração do crime.
“A OAB/RJ não vai descansar enquanto os culpados não forem devidamente punidos. Os tiros contra uma parlamentar eleita e em pleno cumprimento do mandato atingem o próprio Estado Democrático de Direito”, afirmou.
O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) também se manifestou, em nota, sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista. O presidente nacional do IAB, Técio Lins e Silva, exigiu empenho das autoridades para a apuração do crime.
“O Instituto dos Advogados Brasileiros manifesta profunda preocupação com a ousadia demonstrada por grupos criminosos, que empregam métodos semelhantes aos utilizados pela repressão no período da ditadura militar”, disse o IAB.