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Copa deixou rombo bilionário na Capital

Josiane Dalmagro – Da Redação / Foto: Ednei Rosa

Quase R$ 2 bilhões gastos apenas com obras de mobilidade urbana, sem contar os diversos aditivos realizados ao longo dos anos. Nada menos que R$ 2,4 bilhões gastos com essas obras somadas aos custos para construção da Arena Pantanal. Esse é parte do legado da Copa que vai deixar, só de dívida de empréstimo feito pelo governador para construir o – quase utópico – Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o valor de R$ 1,1 bilhão. Já a Arena Pantanal deixa uma dívida de R$ 338 milhões para os próximos governantes – e cada mato-grossense – pagarem.

O número exorbitante de gastos com melhorias no trânsito deu a Cuiabá o título de segunda cidade que mais gastou com mobilidade, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.

Quanto a Copa do Mundo custou aqui em Mato Grosso? Se você não sabe, não se preocupe, você não está sozinho, a maioria das pessoas também não faz a menor ideia e a explicação para isso é simples: remanejamentos, suplementações, obras a preço de ouro, relatórios confusos, falta de atualização em muitos dados e uma transparência no mínimo falha. Essa é a realidade do sistema de transparência da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), em que estão organizados os dados referentes ao evento realizado em meados deste ano, especialmente no que diz respeito às obras e o quanto foi gasto com elas.

Desde o começo, as obras em Cuiabá foram alvo de muitos escândalos, tanto por falta de pontualidade para começar e para entregar quanto pela quantidade de aditivos que muitas delas receberam, além, é claro, do fato de muitos dos projetos relacionados à Copa nem sequer terem saído do papel, isto sem contar os reiterados questionamentos sobre a qualidade das obras entregues e em andamento.

Para começar, só há resumos de despesas orçamentárias referentes a 2012 e 2013 no site da Secopa, com link para páginas do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan). 

Os demonstrativos orçamentários de 2009 a 2012 estão juntos e confusos, mas pelo menos nessa aba há informações até março deste ano.

O demonstrativo de despesa com obras tem informações até 2013 que, segundo relatório do Fiplan, totalizam pouco mais de R$ 29 milhões no ano passado.

Em 2012 os gastos com obras totalizaram R$ 161.376.677,70. Em 2011 o valor chegou à soma de R$ 106.722.503,95.  Em 2010 foram R$ 48.348.384,94 e em 2009 o valor foi menor, pois todas as despesas “com obras” ainda eram referentes à folha de pagamento, somando R$ 92.779,00.  

É claro que esses valores estão desatualizados e faltando os gastos de 2014, no ápice das obras. Só o orçamento da Arena Pantanal, que em 2012 já era de R$ 420 milhões, acabou custando a bagatela de R$ 596 milhões, dos quais R$ 338 milhões são fruto de empréstimo feito pelo governador.

Em fevereiro deste ano, o governador Silval Barbosa (PMDB) autorizou a disponibilização de R$ 56 milhões para a Secopa, dos quais R$ 38,7 milhões seriam destinados para o estádio com o objetivo de realizar acabamento.

Suplementação ou tapa-buracos

Uma das principais causas das falhas ocorridas nas obras executadas da Copa do Mundo foi a falta de projetos executivos, que nada mais são do que um apanhado de informações sobre o terreno e sua geografia, além de uma pesquisa técnica de viabilidade da execução do projeto propriamente, uma espécie de pré-projeto.

A falta de planejamento adequado fez com houvesse em diversos casos remanejamento e suplementação de recursos de uma obra para outra, o famoso tapa-buraco.

Exemplo claro disso é o texto  do Sistema de Informações Gerenciais de Mato Grosso, o SIG-MT, que diz: “A suplementação na Ação 5004 (Ampliação da Mobilidade e Acessibilidade Urbana na Região Metropolitana para Copa 2014) atenderá as despesas com serviços de revisão e atualização de projeto básico existente e elaboração de projeto executivo de engenharia para adequação da capacidade urbana, bem como melhoria da segurança, da mobilidade e da acessibilidade viária de Cuiabá e Várzea Grande, no valor de  R$9.475.000,00”.

O sistema cita a suplementação para execução das obras de travessia urbana de Cuiabá e Várzea Grande, contemplando as ações de mobilidade urbana, no valor total conhecido de R$ 165,7 milhões. 

“Suplementação necessária para viabilizar obras de infraestrutura urbana, bem como as execuções dos processos de desapropriações para as realizações das obras de desbloqueios, o Aditivo do Contrato referente à Obra da Construção da Arena, entorno da Arena e o Gerenciamento da Obra do Modal de Transporte” no valor de R$10 milhões é outro exemplo. Nesse caso não nem para saber com o que, de fato, foram ou serão usados os R$ 10 milhões.

Confira reportagem na íntegra. 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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