Os protocolos de segurança da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) foram reforçados nesta quarta-feira, 12, um dia após a tentativa de invasão de povos indígenas à área de negociações. Dezenas de carros da Polícia Militar foram posicionados nas vias de acesso aos pavilhões, enquanto o presidente da COP-30, o embaixador André Corrêa do Lago, tentava colocar panos quentes para evitar o princípio de uma crise. “O incidente de ontem (terça) é uma coisa que acontece num país democrático como o Brasil”, disse.
Longe da chamada Blue Zone, a área de negociações da COP-30, indígenas e ribeirinhos protestaram com uma ‘barqueata’ pelos rios que cercam Belém. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais alvos da manifestação. O líder indígena Cacique Raoni, inclusive, disse que iria “puxar a orelha” do petista, se necessário.
Segurança é reforçada após tentativa de invasão à área da ONU
Vinte e quatro horas após a tentativa de invasão de povos indígenas à área de negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30) – a chamada Blue Zone -, o cenário nas ruas que dão acesso ao local mudou completamente. No início da noite desta quarta-feira, 12, dezenas de carros da Polícia Militar estavam estacionados de forma enfileirada com os giroflex acesos. Veículos da PM também circulavam pelas vias, que estão fechadas desde a cúpula dos líderes da COP, na semana passada.
Nas noites anteriores da conferência, também havia policiamento nas ruas. Mas eram, normalmente, dois carros nos locais de acesso. Nesta quarta-feira, havia também um maior número de policiais, além de cães e ônibus da PM.
Presidente da COP30 minimiza tentativa de invasão
O presidente da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), o embaixador André Corrêa do Lago, minimizou a tentativa de invasão à área onde acontece o evento, ocorrida na noite anterior. “O incidente de ontem (terça) é uma coisa que acontece num país democrático como o Brasil”, afirmou Lago. As últimas edições da COP foram realizadas em países com restrições a protestos: Azerbaijão (2024), Emirados Árabes Unidos (2023) e Egito (2022).
Segundo o presidente da COP, o evento tem propiciado “pleno espaço para (quem quiser) manifestar todas as suas reticências, discordâncias, dificuldades. Nós achamos que quanto mais tiver um bom debate, tranquilo, vai ser muito bom”, disse Lago.
Governadores lideram delegação paralela dos Estados Unidos
Pela primeira vez na história das COPs, os Estados Unidos não enviaram uma delegação oficial para a conferência climática da ONU. A ausência não é uma surpresa: o presidente Donald Trump nega o aquecimento global e anunciou em março a retirada do país do Acordo de Paris, que prevê medidas contra a crise climática.
Com o governo federal de fora, líderes locais americanos – como governadores e prefeitos – têm tentado manter o país de alguma forma nas discussões. Mais de 100 deles vieram ao Brasil para o fórum de prefeitos e governadores, no Rio de Janeiro, e para a Cúpula do Clima em Belém, a COP30. Entre eles, os governadores da Califórnia, Gavin Newsom, e do Novo México, Michelle Grisham, participaram de eventos nos pavilhões dos países e de negócios da COP-30. Ambos são do Partido Democrata, de oposição a Trump.
‘Barqueata’ de indígenas e ribeirinhos protesta contra projetos de grande porte na Amazônia
Manifestantes dos povos tradicionais participaram de uma barqueata na manhã desta quarta-feira, 12, em Belém. O ato marca o início da Cúpula dos Povos e reuniu manifestantes brasileiros e estrangeiros.
O protesto reuniu pautas da comunidade indígena, como a demarcação de terras, e se opõe à exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas, à ferrovia Ferrogrão e à construção de uma hidrovia no Rio Tapajós, ambas obras de grande porte na Amazônia. “Lula, pare com essa insanidade de querer explorar petróleo”, afirmou no microfone um dos manifestantes da barqueata da Cúpula dos Povos.



