Opinião

Cooperativismo de Crédito e função social

Por João Spenthof*

O cooperativismo de crédito é para todos. Hoje, este é o modelo de negócio que mais cresce e promove inclusão social no Brasil. Pessoas que não conseguem participar do sistema financeiro tradicional têm na cooperativa de crédito, oportunidades e benefícios. Isso por que o cooperativismo de crédito não é discriminatório, pois valoriza as pessoas. Para uma instituição financeira cooperativa, como também são conhecidas, o lucro é a soma de forças, o crescimento econômico conjunto e a melhoria da vida em comunidade.

No Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito, comemorado em 28 de dezembro, esse discurso ganha força e mostra que é eficiente tanto na teoria quanto em sua atuação prática. Segundo dados da Confederação Brasileira de Cooperativismo de Crédito, (ConfeBras) as cooperativas de crédito tiveram um crescimento maior do que o do sistema bancário nacional, no último ano.

O Sicredi Centro Norte, que reúne cooperativas dos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e que deve chegar ao Acre no próximo ano, é um exemplo disso. A instituição financeira cooperativa registrou aumento de 20% no número de associados em sua região de atuação, entre 2013 e 2015, saltou de 283 mil para 349 mil.

Além de agregar mais cooperados, o Sicredi está mais perto. Temos presença em 1083 municípios, dos quais 45% são de pequeno porte, (até 10 mil habitantes) e em 21% das cidades somos a única instituição financeira. Em 2016, inauguramos novas unidades de atendimento em Mato Grosso e no Pará. Essa expansão também se reflete em nosso quadro de colaboradores, que teve aumento de pouco mais 38% nos últimos dez anos.

Mesmo com um cenário econômico adverso que também afeta o sistema financeiro – com dificuldade de acesso ao crédito em função do alto endividamento, taxas de juros elevadas e crescimento da inadimplência – as cooperativas de crédito têm aumentado os empréstimos a associados. Até setembro de 2016, o saldo das operações de crédito das cooperativas avançou 8,5% na comparação com o mesmo período de 2015. Já os bancos viram o volume de empréstimos recuar 3,4% nesse mesmo intervalo.

Estamos atentos também ao estímulo e ao crescimento dos pequenos negócios em nossas regiões. Até outubro de 2016, o Sicredi Centro Norte destinou mais de R$ 600 milhões para pouco mais de 5.600 empresas do tipo MEIs, micro e pequenas empresas. Na agricultura familiar, os valores liberados foram R$ 197 milhões, por meio do FCO e Pronaf.

Este cenário expressivo se explica pelo direito dos associados participarem diretamente da gestão e planejamento da sua cooperativa. Nossos alicerces são: controle democrático, adesão voluntária e livre, autonomia e independência, interesse pela comunidade, gestão democrática, a educação a formação e informação, participação econômica e a intercooperação. Em uma instituição financeira cooperativa, os resultados são divididos entre os associados e são eles que ajudam a decidir como os resultados da cooperativa serão administrados. Tais resultados são, muitas vezes, utilizados em programas de desenvolvimento local. Afinal, o interesse pela comunidade, além de ser um dos princípios do cooperativismo, é um dos diferenciais do Sicredi.

O Programa “A União faz a Vida”, principal programa de responsabilidade social da instituição, é exemplo de destinação de recursos com impacto local. O objetivo central do programa é promover a cooperação e a cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa, com foco na educação integral dos estudantes. Só em Mato Grosso, o programa que existe há mais de 20 anos, já beneficia mais de 65 mil crianças e adolescentes e 4696 professores em 195 escolas de 22 municípios.

Outro projeto, o “Recuperando Nascentes”, em sua 48ª edição e possibilitou a recuperação de 21 nascentes com 51 mil mudas plantadas. Preocupado com o desenvolvimento da comunidade local, em 2016, o Sicredi destinou mais de R$ 1 milhão – em Mato Grosso – para várias entidades filantrópicas de assistência ao idoso, de acolhimento de crianças, de desenvolvimento escolar e de estímulo ao esporte.

O envolvimento da cooperativa com a comunidade transcende a concessão de recursos. A recente parceria entre o Sicredi e o Hospital de Câncer de Mato Grosso, por exemplo, criou “Amigos da Cura”, um projeto que beneficiou o Hospital com novas alternativas de arrecadação de doações, por meio de canais mais acessíveis à população. Na ação “Caravana da Prevenção”, que também contou com o nosso apoio, uma equipe de médicos oncologistas percorreu 69 municípios/distritos em Mato Grosso, proporcionou mais de 26 mil atendimentos preventivos de câncer. A parceria entre o Hospital de Câncer e o Sicredi também resultou na reforma e modernização de uma enfermaria do “Projeto Aconchego”, ação que possibilita atendimento mais humanizado aos pacientes.

Quando existe união por um mesmo propósito, grandes transformações podem acontecer. O  jeito humano e colaborativo do cooperativismo de crédito é uma referência quando o assunto é caminhar juntos. Sua missão de ser instrumento de organização econômica da sociedade tem ganhado cada vez mais espaço. Ao longo do tempo, provou ser um modelo sustentável e moderno, conquistou confiança e novos adeptos. Hoje, o cooperativismo de crédito é mais que uma alternativa financeira, é uma nova maneira de promover o desenvolvimento econômico aliado ao social. Cooperar dá um novo sentido ao “compartilhar”. É atuar em conjunto com benefícios para todos.

*João Carlos Spenthof é presidente do Sicredi Centro Norte.

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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