Política

Conversas cruzadas racham oposição

A oposição ao governo Pedro Taques (PSDB) tem se mostrado confusa diante dos tantos rumos a seguir. A menos de um mês para o início das convenções partidárias, os grupos políticos aceleram o passo para definir chapas e alianças. No entanto, no meio do caminho, esbarram em especulações, acusações e indecisões.

No cenário atual, os principais grupos opositores ao governador são os encabeçados pelo senador Wellington Fagundes (PR) e pelo ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM), que ainda não se oficializou como pré-candidato pelo partido, embora já tenha sido lançado pela legenda e começado as andanças pelo interior do Estado.

Enquanto Mauro Mendes não se posicionava a respeito das eleições, mesmo tendo expressado publicamente que havia “um desejo” de concorrer, o cenário da oposição se moldava. Antes dele, a disputa principal era entre Fagundes e o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde Otaviano Pivetta (PDT), que chegou a manifestar a vontade de compor com Mauro e, assim, refazer a chapa que disputou contra Taques em 2014. No entanto, em razão da demora do ex-prefeito, acabou se lançando como pré-candidato ao governo.

Recentemente, surgiram especulações a respeito do recuo de Pivetta para compor com Mauro. O posicionamento do ex-prefeito para ser pré-candidato a vice chegou a ser posto pelo presidente do partido, o deputado estadual Zeca Viana (PDT), mas o empresário nunca se manifestou da mesma forma. Sobre isso, a informação nos bastidores é de que o político, que chegou a ser considerado um dos mais ricos de Mato Grosso, não está disposto a abrir mão da disputa ao governo.

Desde o início das especulações, porém, o Democratas já havia sinalizado o desejo de formar chapa com candidatura própria. Em 11 de junho, o partido lançou, então, além de Mauro, o ex-senador Jayme Campos, que concorre à sua segunda eleição ao Senado Federal.  A entrada oficial do ex-prefeito na disputa pelo Palácio Paiaguás, no entanto, pode ter ocasionado uma rachadura na oposição ao governador. Isso porque as conversações entre os partidos estavam em andamento e foram abaladas com a notícia.

Na segunda-feira (25), o senador Wellington Fagundes chegou a comentar sobre as conversas dos partidos com uns e outros. Segundo ele, é natural que os políticos busquem alianças nas quais se sentem mais seguros para chegar ao posto desejado.

“Ano passado vocês viviam apreensivos para saber quais poderiam ser os candidatos. Hoje já temos os candidatos postos, a principio, e agora vamos fazer coligações. E é importante dizer das coligações, tanto para majoritárias quanto as proporcionais, porque os atuais deputados querem estar em coligações que permitam e facilitem as eleições. Agora é hora da engenharia política e na engenharia política é preciso calma e cautela para que a gente possa formar essa composição”, observou o pré-candidato.

No caso do Democratas, o partido ainda não anunciou quais legendas estão, seguramente, na base. O presidente, deputado federal Fabio Garcia, fala apenas em conversas e joga o resultado das articulações para o início das convenções, estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral para começarem no dia 20 de julho.

“Essas coisas fecham na convenção. A gente vai continuar conversando e convidando todos os partidos que a gente acredita que podem apresentar um projeto novo para o Estado, um projeto melhor”, disse ao Circuito Mato Grosso. “Oficialmente não temos como anunciar. Então vamos alinhando com os partidos, mas as conversas estão muito boas e tudo está indo muito bem”, completou.

No outro grupo, Fagundes não escondeu os apoiadores. Disse desde o início que havia garantido o apoio de seis partidos: PR, PP, MDB, PTB, PCdoB e PSD, além de iniciar conversas com Podemos, PSDC, PMN, PROS, PRP, Avante e PSL.

No entanto, o grupo parece ter sido abalado na última semana, quando o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), anunciou que vai pedir o aval do partido para apoiar o ex-senador Jayme Campos (DEM) nas eleições. Segundo o gestor municipal, o apoio se daria exclusivamente pelo fato do político “representar a Baixada Cuiabana”. “Eu quero Cuiabá no Senado Federal”, respondeu ao jornal quando foi questionado sobre a declaração.

Após a declaração, o pré-candidato ao Senado, presidente do PSD e ex-vice-governador Carlos Fávaro, também confirmou que está em conversa com o Democratas para viabilizar uma possível aliança. Ocorre, porém, que Fávaro já teria firmado apoio ao senador Wellington para a disputa do governo. No entanto, em entrevistas recentes, disse que sempre esteve conversando com outros partidos, assim como o Democratas, e o posicionamento da sigla teria empolgado o PSD a se aliar ao DEM.

“Com o Wellington a conversa é um pouco mais longa. Estamos há 60 dias dialogando, mas não temos nada definido com ele”, comentou o pré-candidato, que disse ter intensificado as conversas com o Democratas, principalmente com o pré-candidato ao Senado Jayme Campos. “Ficaria muito honrado em poder dobrar a chapa com ele [Jayme] e também com Mauro Mendes, mas é uma fase de diálogo”, disse em entrevista nessa segunda-feira (25).

Com o Democratas também já se posicionou o PRB, do deputado federal Adilton Sachetti, que deve disputar uma vaga ao Senado. O parlamentar já garantiu que sua disputa é para o Senado Federal e não há a possibilidade de mudança. “Se não for o Senado, não disputo”, disse.

A aliança de Sachetti é tida como estratégica e importante, principalmente pela relação do parlamentar com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), com quem é amigo há anos. Fabio Garcia, por sua vez, negou que a relação entre o DEM e Sachetti seja motivada pela união dos agricultores. Apesar disso, a vaga do parlamentar já é tida como certa nos bastidores e, assim, Sachetti fecha a segunda vaga para o Senado da chapa encabeçada pelo DEM.

Ocorre que Fávaro também se posicionou vislumbrando exclusivamente o Senado Federal, embora tenha afirmado que trabalha pelo partido, sugerindo, assim, maior flexibilidade, caso o PSD se alie ao DEM. Aliás, o Senado é uma das posições mais requisitadas pelas figurinhas carimbadas da política. Por isso, ainda devem ser motivo de muita discussão dentro das coligações, que, em sua maioria, somam mais de dois nomes pré-colocados à disputa.

Pelo Democratas, por exemplo, seriam Jayme, Fávaro e Sachetti. Pelo grupo de Wellington, há a empresária Margareth Buzetti (PP), a ex-reitora na UFMT Maria Lúcia Cavalli Neder (PCdoB) e o deputado federal Carlos Bezerra (MDB), que afirmou que não abrirá mão de vaga majoritária para o partido. Alheia a tudo, há a juíza aposentada Selma Arruda (PSL), que ainda não confirmou se deverá se coligar com Fagundes. Vale lembrar que o partido da magistrada tinha o empresário Dilceu Rossato como pré-candidato ao governo, que recuou após uma possível conversa do presidente do partido, deputado federal Victório Galli, com o governador Pedro Taques.

Por sua vez, o movimento da oposição pode favorecer o governador Pedro Taques, que, mesmo não tendo se oficializado pré-candidato à reeleição, já participa de eventos partidários pelo estado. Com as conversações entre as demais legendas, Taques tenta negociar as vagas majoritárias do partido, abrindo a cadeira de vice, por exemplo, e uma vaga para o Senado. Especulações apontam que não está descartada a possibilidade de aliança da juíza com o governador pela posição em questão.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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