Opinião

Contratos

Em tempos bem antigos, bastava a palavra para que se legitimassem os compromissos, inclusive duelos, nos quais uma das partes perdia a vida.

Com o passar dos tempos isso se tornou pouco, e passamos a usar a palavra escrita, assinada e com firma reconhecida em cartórios com, pelo menos, duas testemunhas idôneas.

Em todos os níveis de atividades, sejam elas políticas, sociais, econômicas ou religiosas, essas práticas foram postas em uso obrigatório.

Nas relações amorosas, esses acordos têm os seus efeitos mais desastrosos, e nos tornam reféns de regras que só deveriam vigorar enquanto perdurassem os nossos sentimentos.

Nesse campo, pactos milionários, repletos de cláusulas, já compõem o cenário de união de pessoas famosas, seja no mundo do dinheiro, seja no mundo das artes, onde afetos são comprados ou vendidos sem a menor cerimônia.

Ainda nesse modismo, o grande best-seller do momento, de literatura barata, mas com sessenta e cinco milhões de livros vendidos pelo mundo, trata justo desse tema, o contrato amoroso prévio entre uma submissa e um sadomasoquista, tudo por escrito.

A era digital trouxe como grande diferencial os encontros prolongados entre as partes, em que a exposição das fantasias mútuas é feita antes do contacto real.

Pesquisas mostram que esses encontros costumam ser mais duradouros, já que as hipocrisias já foram ultrapassadas. Dessa forma as idealizações são menos decepcionantes.

A internet está exercendo um papel modificador de comportamentos mais importante do que os estabelecidos em muitos séculos.

Estamos só engatinhando nesse mundo novo, fascinante, que dispensa contratos, que nos mostra tantas outras formas de comunicação, quem sabe muito mais intensas e verdadeiras e com possibilidade de trocas afetivas reais, despidas de falsos moralismos.

Enquanto isso, “Diz-me que mensagens me mandas e eu te direi quem és”.

 

Gabriel Novis Neves

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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