O Flamengo desafia a hegemonia europeia na decisão do Mundial de Clubes, contra o Liverpool, neste sábado, às 14h30 (de Brasília), no Catar. Desde a campanha vitoriosa do Corinthians contra o Chelsea, em 2012, que os times sul-americanos ficam pelo caminho. San Lorenzo (2014), River Plate (2015) e Grêmio (2017) não tiveram competência ao decidir com o campeão da Europa. E Atlético-MG (2013), Atlético Nacional (2016) e de novo o River Plate (2018) sequer chegaram à final. Veja onde assistir Liverpool x Flamengo.
Mas o Flamengo comandado pelo português Jorge Jesus mostra números que fazem o torcedor ter fé. O time que tenta o bi da competição (ganhou em 1981) empolga porque tem um ataque que já marcou 144 gols, conquistou o Brasileirão e a Libertadores, algo que só o Santos havia alcançado, na década de 60, tem o primeiro (Gabigol) e o segundo (Bruno Henrique) artilheiros do Nacional, possui em suas fileiras atletas acostumados a enfrentar europeus, como Rafinha e Filipe Luís.
Mais: venceu 12 jogos no ano por placares de três ou mais gols e ganhou na Libertadores da América a pecha de não desistir nunca da luta – os dois gols da virada diante do River foram marcados nos minutos finais do segundo tempo.
Jesus admitiu ser a partida a mais importante de sua carreira. Sabe que será fogo contra fogo dentro de campo, embora reconheça que o Liverpool e os clubes europeus têm sempre os melhores jogadores do mundo.
“Não temos os melhores, mas temos bons jogadores também”, disse o treinador, que ainda não confirmou a permanência no rubro-negro em 2020.
Ocorre que o Liverpool também está em alta: após ganhar a Liga dos Campeões, o time de Jürgen Klopp está invicto no Campeonato Inglês com 16 vitórias e um empate. Portanto, sobra na Inglaterra como o Flamengo sobrou no Brasil.
“Cada treinador tem a sua ideia de jogo. O que o Flamengo tem passado ao longo desses seis meses é uma ideia de olhar sempre para o gol, sempre para frente, para o espetáculo… Nós, europeus, somos formados não só para ganhar, mas para dar espetáculo”, disse Jesus.
Os dois treinadores gostam que seus times ataquem, mas cada um com seu estilo. Sob o comando do português, o Flamengo passou a ter movimentação constante em seu sistema ofensivo e não para de agredir o adversário até o apito final.
No Liverpool, Klopp faz sua equipe jogar de forma vertical, sem tantas trocas de passes. É correria pura, jogo pelas pontas e muita qualidade do trio formado por Salah, Firmino e Mané.
“Sei o que esperar do Flamengo. É um estilo muito organizado. Jorge Jesus mudou a sorte e muitas outras coisas quando chegou lá. É um time bem estabelecido, todos do Liverpool sabem o que precisam fazer na partida”, comentou o alemão.
O discurso dos técnicos gera a expectativa de um duelo cheio de oportunidades, algo que não aconteceu nas recentes finais do Mundial. A cartilha dos sul-americanos no torneio da Fifa sempre foi a de um sistema defensivo sólido, grande atuação dos goleiros e vitória magra, como ocorreu no 1 a 0 do Corinthians diante do Chelsea.
Everton Ribeiro, capitão do Flamengo, sabe que seu time precisa encaixar mais uma boa atuação na temporada e que o Liverpool é diferente de todos que a equipe enfrentou no ano. “Temos de jogar muito bem para sairmos campeões. A gente aprendeu que não pode desistir, sabemos do que somos capazes, do futebol que podemos apresentar. E que temos de jogar da nossa maneira.”
O goleiro Alisson, do Liverpool e da seleção, espera trabalhar muito no jogo. “Temos de fazer melhor do que fizemos na estreia para ganhar do Flamengo. Há do outro lado jogadores experientes e acostumados aos grandes jogos.”