O governo autorizou a Polícia Rodoviária Federal a atuar para desbloquear estradas que estejam bloqueadas por caminhoneiros, informou na noite desta segunda-feira (9) o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os caminhoneiros que fecharem estradas estarão sujeitos a multa de R$ 1.915, segundo o ministro.
"Nós determinamos que sejam multados todos aqueles que fecharem estradas. As multas são altas, mais de R$ 1.900, para que seja aplicada de pronto", afirmou o ministro em entrevista distribuída pela sua assessoria de imprensa.
"No caso de interdição de estradas, nós determinamos a PRF que atue através do efetivo necessário para desobstruí-las e garantir que aqueles caminhoneiros que queiram trabalhar tenham sua liberdade de ir e vir inteiramente assegurada."
A multa já é prevista na legislação brasileira, e o governo apenas determinou à PRF que seja estritamente cumprida. A punição será aplicada uma vez e, se o caminhoneiro não retirar o veículo que bloqueia a rodovia, será rebocado. A cada vez que voltar a bloquear a estrada, será multado mais uma vez.
A paralisação preocupa alguns setores exportadores. Mais cedo, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que liminares obtidas em fevereiro ainda continuam válidas. A medida garante a circulação de veículos a serviço de empresas associadas da entidade já carregados ou que estejam buscando cargas.
Iniciada na manhã desta segunda-feira, a greve dos caminhoneiros interrompeu algumas rodovias pelo país.
Protesto pede saída de Dilma
Os protestos foram liderados pelo Comando Nacional do Transporte (CNT), que diz ser um movimento independente e apartidário e que pede a saída da presidente Dilma Rousseff.
O CNT afirma que as mobilizações atingiram 12 Estados e devem continuar nos próximos dias.
Sindicatos que representam os caminhoneiros, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, se posicionaram contra os protestos.
Movimento é político, diz governo
O ministro da Justiça classificou o movimento como político e afirmou que não há como negociar com os líderes, que pedem a renúncia ou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Esse movimento tem um viés claramente, indiscutivelmente político. Não há uma pauta de reivindicações. Não temos a possibilidade de negociar em cima de questões que não são apresentadas. É uma pauta política. Lamentamos que seja assim", disse o ministro.
Mais cedo, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, já havia afirmado que o objetivo da greve era apenas gerar desgaste para o governo.
"Se tivermos uma pauta de reivindicações, o governo sempre está aberto ao diálogo, mas é uma greve que se caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo", disse Edinho, acrescentando que até o momento nenhuma entidade que representa os caminhoneiros apresentou uma pauta de reivindicações da categoria.
"Uma greve geralmente vem com questões econômicas, sociais, geralmente é propositiva, mesmo quando trata de questões políticas. Nunca vi uma greve em que o único objetivo é gerar desgaste ao governo", afirmou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.
O movimento tem baixa adesão, segundo Cardozo, e é "pulverizado", especialmente porque as lideranças dos principais sindicatos não apoiam a paralisação.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, disse mais cedo que os caminhoneiros em greve não apresentaram uma pauta de reivindicações e que a paralisação tem como objetivo o desgaste político do governo.
Governo monitora
No Palácio do Planalto, a ordem é para acompanhar o movimento, que não pode ser desprezado pelo potencial de confusão que pode causar no país, mas a avaliação inicial é de que a adesão foi muito aquém do que se prometia.
Ainda assim, há temor de que, se o movimento chegar até o próximo fim de semana, possa crescer ao se unir a manifestações pelo impeachment de Dilma marcadas para o próximo domingo. O governo mantém o monitoramento pelas redes sociais.
Fonte: UOL