Segundo maior motivo de reclamações no Centro de Controle de Zoonoses de Cuiabá (CCZ), os pombos são considerados pragas urbanas. Perdem apenas para os caramujos e os escorpiões. Para termos uma ideia, os ratos aparecem em quinto lugar no ranking de solicitações de serviços em relação à infestação na cidade. E o pior: estas aves podem transmitir oito tipos de doenças, da simples alergia, como dermatite ou rinite, e doenças respiratórias, até a meningite, que leva à morte de forma súbita.
Por muitos são chamados de “urubus urbanos” ou “ratos que voam”. Somente este ano foram 53 chamados para o CCZ atender o serviço de atendimento a reclamações por algum incômodo gerado por esta ave, cujo foco está concentrado no distrito norte da capital mato-grossense, nos bairros Morada do Ouro 2, Novo Horizonte e no CPA3, setor 3.
Na região leste da cidade o maior problema se encontra no Jardim Imperial I. Na oeste, nos bairros Araés e Goiabeiras e, na região sul, no bairro Tijucal.
Por que há tantos pombos na cidade? Um informativo do CCZ de Cuiabá: “Pombos: três ou mais causam muita encrenca!” esclarece pontuando que eles são aves que se adaptam bem à cidade por comer qualquer tipo de alimentos, até mesmo do lixo. Inclusive os oferecidos pelas pessoas, o que é muito comum de se ver em praças ou ruas, um dos motivos de reclamação no Centro de Zoonoses.
Os pombos têm poucos predadores, como, por exemplo, os gaviões. Fazem seus ninhos em telhados das casas, torres de igrejas, prédios, beirais de janelas, enfim qualquer lugar que ofereça abrigo, sendo assim seu controle um desafio.
Vivem de três a cinco anos na cidade e têm até seis ninhadas por ano, cada uma com dois filhotes pelo menos. Por isso, quanto mais alimento as pessoas oferecem ao pombo, mais filhotes ele terá.
Ou seja, a cidade oferece as três principais condições de sobrevivência: água, alimento e abrigo. Isso significa que, uma vez alojados, a situação será de permanência, alerta a médica veterinária e professora de Doenças da Saúde Pública da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Adriana Borsa.
“O pombo na verdade não transmite a doença propriamente dita, mas sim as fezes, que multiplicam fungos e são criadores de bactérias. Ou seja: eles se disseminam pelo ar e podem atingir as pessoas, principalmente crianças e indivíduos imunossuprimidos (com baixa imunidade física), com doenças HIV, lúpus ou que fazem uso de medicamentos”, explica a especialista.
Além da meningite, as fezes do pombo permitem o desenvolvimento de fungos, que causam doenças pulmonares, como ornitose e histoplasmose, causando inflação nos pulmões, e a infecção intestinal, com a salmonela.
Por meio das penas o pombo transmite piolhos ou pulgas, que causam dermatites, coceira na pele e alergias como a rinite e crises de bronquites.