O Conselho Deliberativo Metropolitano do Vale do Rio Cuiabá (Codem) aprovou nesta quarta-feira (12.05), por maioria, a substituição do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) pelo Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), movido à eletricidade, como modal de transportes na Região Metropolitana da Capital. Foram 13 votos a favor da nova solução de transporte.
A previsão é de que, com a aprovação da substituição do modal pelo BRT, o governo lance edital para contratação de obras do BRT até o mês de junho.
O conselho reúne representantes dos poderes Executivos, Legislativo e entidades civis dos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães, Acorizal, Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora do Livramento, que compõem a região metropolitana, e toda a reunião foi transmitida pelo YouTube do Governo de Mato Grosso. Além dos votos favoráveis, a mudança pelo BRT também teve quatro votos contrários e duas ausências.
De acordo com o governador Mauro Mendes, colocar em deliberação do conselho um assunto de relevância, que é a solução de mobilidade urbana para as cidades de Cuiabá e Várzea Grande, demonstra claramente a intenção do Governo de Mato Grosso de esclarecer as nuances da decisão pela implantação do BRT. Isto porque, o conselho tem a função principal de apresentar e discutir soluções para o futuro da Região Metropolitana, por meio da integração de planos, políticas e ações dos municípios. E, como a solução de mobilidade abrange as cidades de Cuiabá e Várzea Grande, era de fundamental importância a anuência do órgão na decisão a favor do BRT.
"A escolha pelo BRT foi antes de tudo técnica, embasada por estudos que apontaram diversas vantagens, como maior economia para sua implantação e viabilidade de projeto. Além disso, a mudança desse modal corrige um erro histórico, porque é do conhecimento de todos que o VLT foi escolhido em cima de corrupção. Aredito que o CODEM traz uma contribuição relevante no contexto do aglomerado urbano da Baixada Cuiabana, e poderá nos auxiliar com diretrizes de políticas públicas que nós poderemos vir a implementar”, disse o governador.
Para deliberação sobre o modo de transporte, todos os conselheiros receberam e analisaram os estudos técnicos disponibilizados em consulta pública feita pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), bem como participaram da audiência pública que apresentou os quesitos técnicos e legais da implantação do BRT, realizada na última semana.
A fim de trazer ainda mais clareza acerca do BRT, todos tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas técnicas e jurídicas, que foram respondidas pelo engenheiro de transportes da Sinfra, Rafael Detoni, e pelo procurador do Estado Wilmer Cysne Prado. Já a relatoria do processo de substituição do VLT para BRT ficou sob a responsabilidade do prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat, que deu parecer favorável à implantação do BRT.
Ao proferir seu voto, Kalil Baracat destacou que já defendeu a continuidade das obras do VLT, quando ainda não era prefeito municipal, mas percebeu a importância da mudança para o cidadão usuário do transporte coletivo, que é quem mais necessita de uma solução de mobilidade urbana.
“Foi definido hoje, através dessa sessão onde o conselho aprovou e agora o Estado vai tomar as medidas cabíveis para realizar a obra. Minha decisão foi baseada nos estudos técnicos, pareceres jurídicos. Inclusive, eu era favorável ao VLT. Defendi isso na minha campanha. Depois de apresentações e estudos, até pelo relatório que apresentei, hoje aprovo o BRT e acho que será mais econômico, flexível e vai atender a região metropolitana”, disse o prefeito.
Kalil Baracat reforçou ainda as dificuldades pelo qual o município de Várzea Grande passou nos últimos anos, em razão da paralisação das obras do VLT e destacou que as obras do BRT vão trazer novo fôlego para a cidade.
Para a implantação do BRT, o Governo do Estado se responsabilizará pela realização das seguintes obras de infraestrutura: corredor segregado, paradas, estações e terminais, tratamento das calçadas, Parque Linear da Av. Rubens de Mendonça, Centro de Controle Operacional, Garagem Operacional do BRT com subestação de recarga elétrica dos ônibus, sistema de monitoramento e segurança da frota e usuários, sistema de comunicação com os usuários e também pela aquisição dos ônibus movidos à eletricidade.
“Para a sociedade será melhor, pois o custo do BRT será mais em conta do que o VLT. O novo modal BRT vai atender as demandas do município, pois a pessoa vai pegar o BRT próximo de sua residencial e seguir no seu trajeto”, disse o prefeito.
Representando os conselheiros, Aislan Sebastião destacou a importância dessa série de discussões que o Governo de Mato Grosso tem feito para demonstrar à população os benefícios e vantagens da implantação do BRT, não apenas para a situação econômico-financeira do Estado, mas, principalmente, para os usuários do futuro modal de transporte.
Isso porque os investimentos estimados para o BRT são da ordem de R$ 460 milhões, enquanto o VLT demandaria R$ 763 milhões, situação que exigiria mais recursos do Governo de Mato Grosso para execução de obras. Já para o usuário do coletivo, o BRT apresenta melhor desempenho operacional e proporcionará maior flexibilidade de operação junto aos ônibus do sistema alimentador dos municípios, permitindo reduzir o número de integrações para os usuários, quando comparado à modelagem da rede com o sistema VLT, dada a possibilidade de uso compartilhado no corredor segregado.
“Recebemos um conjunto de informações comparativas entre BRT e VLT e participamos da audiência pública que aconteceu com a participação da população e hoje tivemos um complemento das informações básicas que tínhamos em relação à troca desse sistema do VLT para BRT. Conseguimos uma tranquilidade e uma facilidade de fazer com que o BRT chegue em toda a população. Com o VLT o trajeto seria mais engessado. Com o BRT, teremos maior flexibilidade e viagens rápidas ao centro da cidade, diminuindo o tempo que a população fica dentro do ônibus. É um ganho importante na vida das pessoas”, disse o conselheiro.
Aislan destacou ainda outros pontos principais que, segundo ele, são favoráveis à substituição dos modais de transporte: a manutenção da gratuidade aos estudantes e idosos, bem como a tarifa reduzida, no valor de R$ 3,04, quando comparada ao do sistema VLT, que custaria em torno de R$ 5,28. Além disso, o BRT demandará menor custo e menor tempo de implantação, quando comparado a outros modais. As obras devem durar até 18 meses.
“Será garantido o direito conquistado pelos estudantes, pelos idosos na questão da gratuidade. Isso é de fundamental importância e fez com que chegássemos a esse convencimento da aprovação da substituição de VLT por BRT, que é um compromisso do governo de Mato Grosso – e fazer com que todos os conselheiros tivessem firmeza no seu voto. O BRT é melhor o modelo, pois vai abranger o maior número de bairros, tanto em Cuiabá, quanto em Várzea Grande”, encerrou o conselheiro.
Além dos citados, participaram ainda o secretário da Casa Civil, Mauro Carvalho, o secretário de Infraestrutura e Logística Marcelo de Oliveira, o secretário de Fazenda Rogério Gallo, o procurador-geral do Estado Francisco Lopes, entre outras autoridades.