Desde a madrugada grupos de esquerda radical formaram piquetes nas principais rotas de acesso a Buenos Aires.
Segundo o jornal argentino Clarín, a rota Panamericana, que dá acesso à capital federal, amanheceu bloqueada nesta manhã. Policiais foram para o local e houve um confronto. Os policiais dispararam balas de borracha, enquanto alguns manifestantes responderam jogando pedras.
Pelo menos uma pessoa foi detida. Segundo o jornal La Nación, pelo menos duas pessoas ficaram feridas – um manifestante e um policial. Ambos foram socorridos. Após o momento de tensão, a situação de acalmou na região.
A greve começou no primeiro minuto desta quinta-feira com o cessar das atividades nos postos de combustível e transporte público, setor-chave para que a ação sindical tenha êxito neste país de 40 milhões de habitantes.
As companhias aéreas Aerolíneas Argentinas, Austral, LAN e outras empresas privadas paralisaram suas operações, confirmou o titula da Associação de Técnicos Aeronáuticos (APTA), Ricardo Cirielli à rádio Continental.
A chilena LAN, que conta com quase 30% do mercado doméstico argentino, "se viu na obrigação de cancelar todos os voos dentro da Argentina, e alguns internacionais devido à greve", explicou a empresa.
O protesto, ao qual aderiram os sindicatos dos transportes públicos e importantes associações de caminhoneiros e servidores públicos, reivindica um reajuste dos salários e uma redução dos altos impostos que incidem sobre a renda, após uma desvalorização do peso argentino de 35% em 12 meses.
O secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Hugo Moyano, um dos organizadores da greve, disse que a presidente se comporta com "orgulho" e pediu que ela ouça às queixas.
"A paralisação é para ratificar que haja articulações (negociações salariais) livres", disse Moyano, que também pediu um aumento salarial "de emergência" aos aposentados e medidas governamentais para conter a crescente violência urbana.
Moyano, também líder dos caminhoneiros, comanda um sindicato do qual dependem desde o transporte de jornais, combustíveis e valores até a coleta de lixo e a provisão de comida para as companhias aéreas.
Uma das razões da greve é a reivindicação de uma atualização, devido à inflação, do imposto incidente sobre os lucros, que se aplica aos salários.
A Argentina sofre com uma das maiores taxas de inflação do mundo enquanto a economia dá sinais de esgotamento após quase uma década de forte crescimento.
A tabela salarial sobre a qual incide o imposto foi atualizada apenas em anos recentes e acabou defasada por causa dos ajustes salariais em decorrência da elevada inflação, que supera os 30% anuais.
A tabela do imposto não se atualiza automaticamente em relação ao custo de vida e depende somente da decisão da presidente.
O governo afirmou que o protesto tem motivos políticos e não sindicais, ao acusar os sindicalistas de estarem alinhados com o líder opositor Sergio Massa, um peronista que abandonou o governo e agrupa atrás de si as forças de oposição, visando as eleições presidenciais no fim de 2015.
A greve, que se prolonga por toda a quinta, vai afetar a principal região agroexportadora no momento em que a colheita de soja, principal plantação do país, está no auge.
A Argentina é o maior exportador mundial de óleo e farinha de soja e o terceiro de milho.
A alta instabilidade social da Argentina, onde são frequentes o bloqueio de ruas e as manifestações sociais, deve se intensificar durante a realização das negociações salariais anuais, que acabam de começar entre os sindicatos e as organizações patronais.
G1