Muitas dúvidas passam pela cabeça de quem decide adquirir um veículo. Em tempos de recessão econômica, as interrogações aumentam e o financiamento é escolhido pela maioria para adquirir o bem. De acordo com a Central de Depósitos de Ativos e Títulos, a Cetip, foram mais de 10 mil veículos financiados no Estado de Mato Grosso no mês de junho, o que corresponde a 2,31% do mercado nacional.
Destes financiamentos, 54,3% são para automóveis novos, e 45,7% para usados. Mato Grosso vai pela contramão do país, pois no Brasil a maioria dos veículos financiados é usada. Para o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos do Estado do Mato Grosso (Agenciauto), Ricardo Laub Júnior, o mercado está favorável para a venda de veículos seminovos.
“Em junho deste ano nossas vendas cresceram 7% em relação a maio. O setor poderia estar melhor, mas estamos satisfeitos. A tendência é que as vendas cresçam até o fim do ano”, afirma o presidente.
Com o fim da redução da alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no início deste ano, subindo em média 4%, e a exigência à indústria nacional, em 2014, de incluir itens que antes eram opcionais como itens de série, air bag e do freio ABS, os veículos novos passaram a pesar mais no bolso do consumidor.
Ainda assim, o setor enfrenta dificuldade para financiar o automóvel seminovo. Laub estima que para cada 10 pessoas que tentam um financiamento de veículo, apenas duas têm aprovação de crédito. “Apesar de o setor de carros seminovos e usados ser muito maior, as financeiras ainda dão prioridade para os veículos zero quilômetro”, destaca o presidente da Agenciauto.
Apesar das dificuldades, o financiamento ainda é o mais acessível para muitos consumidores. O advogado especialista em direito tributário, trabalhista e do consumidor Rolf Santana explica que é necessário ficar atento às cláusulas do contrato, às taxas e a qual financiadora vão recorrer.
“É preciso acessar o site do Banco Central do Brasil, que divulga diariamente as taxas de juros que cada financeira está autorizada a cobrar. Ainda há o site do Tribunal de Justiça, a que você pode recorre para conferir se a financiadora que escolheu não tem um número grande de reclamações. Não é só à taxa de juros que se deve ficar atento, há outras coisas que o banco pode fazer que acaba prejudicando o consumidor”, alerta o advogado.
Os brasileiros utilizam duas modalidades de financiamento: o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e o leasing, sendo o primeiro o com maior procura. Santana salienta que o CDC é mais vantajoso para o cliente, e o leasing é mais vantajoso para o banco.
“Se o consumidor pretende antecipar parcelas do financiamento no CDC, ele ganha descontos nos juros. No leasing, o valor da parcela é fixa. Então se eu pagar todo meu financiamento de uma vez só, eu não vou ganhar um centavo de desconto. No CDC, é possível transferir o financiamento para outra pessoa. No leasing isso não é possível”, aponta.
Contrato – O advogado conta que muitos dos casos que chegam a seu escritório são de pessoas que assinam contrato e não sabem de qual sistema de juros estão participando. É preciso ficar atento se os juros são simples, compostos (capitalizados) e também disfarçados de sistema Price de correção. Há, ainda, os que não exigem cópia do contrato ao assiná-lo, ficando à mercê da financiadora.
A Taxa de Abertura de Crédito (TAC) deve ser motivo de cautela para o cliente. “Só é responsável pelo pagamento da taxa se você não tiver nenhum outro produto ou nenhum outro relacionamento naquela financeira. Por exemplo, se já houver um financiamento no banco, e decide fazer um novo financiamento, a TAC não é devida”, afirma.
Caso o consumidor se sinta lesado, Santana indica que procure um advogado consumerista e não apenas ir ao Juizado, ou nos Núcleos de Prática Jurídica. “O consumidor deve procurar um advogado especialista na área, com um laudo feito por um economista ou por um contador, pois se for discutir sem um laudo que comprove essas abusividades não resolve”, comenta.