O comerciante Fábio Hiroshi Hattori, acusado de atropelar 12 jovens em abril de 2014 foi condenado a cumprir pena de três anos e cinco meses em regime aberto pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, além de direção sob influência de álcool. Apesar da condenação, ele poderá recorrer da decisão em liberdade.
Ao G1, o advogado que representa Hattori, Mario Del Cistia disse que achou a decisão coerente e "bem elaborada", porém afirma que vai recorrer. “Vou analisar a decisão e devo recorrer, pois todo o trabalho de defesa foi desenvolvido com base de que ele não foi responsável pelo acidente e deve ser absolvido."
Ainda segundo Del Cistia, Hattori já está sabendo da decisão e deve ser intimado pessoalmente nos próximos dias, enquanto o advogado deve ser avisado pelo Diário Oficial. "Ele não fez nenhum comentário. Só passei uma posição para ele e disse também que conversaríamos para saber quais as próximas providências", ressalta.
Já o responsável defesa das vítimas, Ademar Gomes, disse que vai recorrer da decisão assim que for intimado e a sentença publicada. Segundo ele, as famílias dos adolescentes que sobreviveram ao atropelamento estão inconformadas e muito decepcionadas com a decisão da Justiça. A sentença mostra, segundo Gomes, que "a Justiça não está sendo feita em um casa de um pessoa embriagada que matou seis adolescentes e deixou outros 13 com graves sequelas."
O atropelamento aconteceu na rodovia Raposo Tavares, no trecho entre Araçoiaba da Serra e Sorocaba (SP). Seis jovens morreram e outros seis ficaram feridos. O inquérito da Polícia Civil apontou que o comerciante dirigia em alta velocidade, além de ter ingerido bebido alcoólica e dormido ao volante.
Medidas alternativas
A decisão expedida pela juíza Daniella Camberling Querobim – tomada com base no Código de Trânsito Brasileiro – no dia 15 de novembro e registrada pelo Tribunal de Justiça no último dia 27 prevê que a pena seja realizada em regime aberto, com o cumprimento de duas medidas alternativas.
A primeira é o pagamento de três salários mínimos (o equivalente a R$ 2.364,00 com base no valor nacional) para cada uma das vítimas ou dependentes. Já a outra medida prevê a prestação de serviços a comunidade durante o período da condenação.
Além da pena, a decisão da Justiça também suspende o direito de dirigir de Hattori por quatro meses e 27 dias. O prazo pode ser aumentado por conta de medidas administrativas do Departamento de Trânsito Estadual com base na condenação por dirigir embriagado.
Hattori chegou a ser preso, levado à penitenciária de Tremembé, mas foi liberado após 17 dias de prisão e aguarda o julgamento em liberdade. A Justiça desclassificou a denúncia do crime, passando de homicídio culposo com dolo eventual para apenas homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Entenda o caso
O acidente foi na madrugada de 6 de abril de 2014, após os 12 jovens saírem de uma festa que foi realizada em uma chácara às margens da rodovia Raposo Tavares. Hattori, que também tinha participado de uma festa, saiu de Itapetininga (SP) e seguia pela rodovia quando perdeu o controle do carro e atingiu os jovens que esperavam o ônibus em um ponto, às margens da rodovia, no trecho entre Araçoiaba da Serra (SP) e Sorocaba.
Cinco jovens morreram na hora: Leo Wagner Ribeiro das Neves, de 19 anos; Giovanni Cartezano Inocêncio, de 17; Guilherme dos Santos Modesto, de 18; Amanda Oliveira Alquati, de 17; e Lucas Alexandre Vieira de 16 anos. Evelyn Caroline Fernandes de Matos, de 15 anos, chegou a ser encaminhada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Outros seis ficaram feridos.
Segundo a polícia, Hattori tentou fugir após o atropelamento, mas não conseguiu porque o carro não pegou e foi impedido por testemunhas. Ele foi preso em flagrante e um exame registrou índice alcoólico superior ao permitido por lei. No dia de seu depoimento, permaneceu em silêncio na delegacia por mais de 40 minutos.
A Polícia Civil de Sorocaba divulgou o resultado da investigação do acidente. O inquérito apontou que as causas do acidente foram excesso de velocidade, uso de bebida alcoólica e que Fábio Hattori dormiu ao volante.
Já o inquérito que investigava as condições em que foi realizada a festa rave em que as vítimas estavam foi arquivado pelo Ministério Público (MP) no começo de janeiro. Além do evento, o inquérito também investigava as condições do ponto de ônibus onde o grupo estava, às margens da rodovia. A assessoria de imprensa do MP confirmou o arquivamento do inquérito, mas não deu detalhes sobre o motivo.
Fonte: G1