"Nesses últimos meses senti que minhas forças tinham diminuído. E pedi que Deus me iluminasse para me ajudar a tomar a decisão mais correta, para o bem da igreja."
Bento 16 reconheceu que, em seus quase oito anos de pontificado, teve momentos de alegria e luzes, mas também "momentos difíceis". "O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir."
O papa disse que se sentiu como são Pedro com os apóstolos na barca, no lago da Galileia, e que sempre soube que o Senhor estava na barca.
"E sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas Sua, e não a deixa se afundar. É Ele quem a conduz, certamente, através dos homens que elegeu. Esta é uma certeza que nada pode ofuscar e é por isso que meu coração está cheio de agradecimento a Deus, porque não me fez faltar a toda a Igreja e também seu consolo, sua luz e seu amor", acrescentou.
Bento 16 deixou claro que não irá "retornar à vida privada". "Não abandono a cruz, mas permaneço, de maneira nova, perto do senhor crucificado", disse. No discurso, o papa disse também que "amar a igreja significa ter a coragem de tomar decisões difíceis, tendo sempre em mente o bem da igreja, e não o próprio".
Bento 16 anunciou a renúncia no último dia 11. A decisão será oficializada nesta quinta (28), com a quebra do anel que marca o seu pontificado e sua retirada, de helicóptero, rumo a Castel Gandolfo, a residência de verão dos líderes da Igreja Católica. Essa é a primeira vez em 598 anos que um papa renuncia ao cargo. O último a fazê-lo foi Gregório 12, em 1415.
"Hoje é um dia de agradecimento", diz Bento 16. "Gostaria de que cada um sentisse a alegria de ser cristão." "Estou comovido, vejo a Igreja que está viva", disse, em meio aos aplausos de milhares de fiéis presentes.
Participou do evento a maior parte dos cardeais que participarão da escolha do próximo pontífice.
Fonte: FOLHA.COM