Hoje gostaria de falar um pouco da dificuldade em conviver com pessoas difíceis.
Tenho atendido pessoas em coaching há seis anos e é comum nos processos aparecerem esse tema, aliás em quase todos, o coachee trás essa dificuldade.
Totalmente explicável, somos diferentes, temos tipos psicológicos diferentes, fomos educados de formas diferentes, vivemos experiências diferentes. Ocorre que sermos diferentes é necessário e positivo para a nossa evolução e consequentemente a evolução do Planeta.
O problema é que essas diferenças acabam se tornando para nós uma verdadeira saga, já que não estando no outro, não conseguimos ver como ele vê, entendemos que ser diferente está errado. E o que era para oferecer-nos oportunidades de desenvolvimento e superação, acaba por gerar enormes conflitos em nossas casas, comunidades e na sociedade em geral.
Quando se trata de lidar com pessoas difíceis, ou melhor dizendo: diferentes, no trabalho, podemos resolver saindo daquele trabalho, reclamando para os colegas e o gerente, e a saída do outro acaba acontecendo, e assim nos “livramos” momentaneamente do problema.
Até quando essa situação estará resolvida?
Na verdade não estará, muito em breve o problema surgirá novamente em outros empregos onde eu tiver, com novos colegas de trabalho, novos chefes, vizinhos, amigos, familiares, síndico prédio onde mora, etc.
Portanto a melhor solução não consiste em fugir do problema ou em querer mudar o outro. Ninguém é capaz de mudar ninguém. As pessoas que mudam o fazem por perceberem os ganhos nisso, não pela exigência dos outros, até porque mudar exige esforço e desapego das verdades absolutas que acumulamos ao longo da vida.
Nessa jornada de transformação acabamos percebendo que, pessoas “difíceis” de conviver são oportunidades que se apresentam em nossas vidas para mudar algo em nós, para sermos uma pessoa melhor e mais plena. Quando o outro faz algo que me incomoda, isso indica que tenho algo a resolver intimamente sobre aquele tema.
Quando apresento isso aos meus clientes, costumo ouvir: “Mas ele também tem que mudar, só eu vou fazer o esforço e ele não fará nada, como se ele estivesse certo e eu errado? O errado é ele”.
Eu concordo que o outro também tenha comportamentos a serem mudados, afinal é por isso que estamos aqui, nossa proposta de vida está ligada a sermos pessoas melhores. Porém o foco aqui é o que eu posso fazer, o que está no meu controle que pode ajudar a melhorar essa situação. E quando eu estiver fazendo, isso influenciará o outro nas atitudes dele. Ficar esperando a iniciativa do outro de mudar, pode gastar nossa vida inteira e nada acontecer. Como diz Márcio Fernandes em Felicidade dá lucro, sair da inércia em busca da felicidade é um ponto decisivo para atingi-la.
Vamos olhar qual a parte de cada um na situação. Pergunte-se: Qual a parte eu controlo nessa situação? Qual a parte é responsabilidade minha no que está acontecendo? De que forma posso influenciar o outro para o problema diminuir?
Com essas respostas claras para cada um de nós é hora de traçar um plano e agir.
Reflita sobre a parte que você controla se perguntando: O que o outro fez ou disse que me impactou negativamente? Em que outras situações como essa eu reagi da mesma forma, mesmo com outra pessoa? O que essa situação está exigindo de diferente em mim? Quais novas atitudes eu preciso desenvolver em mim para lidar com isso com melhores resultados? O que se eu fizer de diferente terei menos desgaste quando precisar lidar com essa situação?
Liste os objetos dessas respostas, escolha por qual deles vai iniciar sua prática e estabeleça de forma estruturada sua nova forma de agir quando isso acontecer novamente. Mentalize a situação acontecendo e você agindo da nova forma, imagine também a sensação positiva que você experimentará ao conseguir reagir da forma idealizada.
Siga com seu plano de forma premeditada até que ele fique automático. Ao longo do tempo vá observando quando deu certo e quando não funcionou, tente identificar o que atrapalhou e se faça as perguntas acima novamente para identificar possíveis obstáculos e criar alternativas para superá-los.
A maior competição que vivemos como seres humanos em construção que somos, é superar a nós mesmos, por isso não desista de você.
Boa prática a todos. Grande abraço.
Edilene Bocchi é Coach ACC pela ICF – Federação Internacional de Coaches e Consultora Empresarial com foco em Gestão de Pessoas