O canteiro de obras da Trincheira Jurumirim, na Avenida Miguel Sutil, ainda para a Copa realizada no mês de julho de 2014, continua gerando grandes prejuízos aos comerciantes daquele entorno, que vivem um drama quase surreal há mais de dois anos e meio. Pelo menos cinco prazos de término da obra já foram sinalizados pela Secopa e até agora nada de concluir. Além do prejuízo de até 70% no comércio, há estabelecimento com rachaduras, calçadas danificadas, falta de segurança, e quem passa por ali é submetido ao convívio constante com a sujeira da poeira da construção.
“Eles falaram que as obras seriam concluídas em dois anos. E agora, dois anos e meio depois, está tudo parado. Na Copa havia pelo menos 100 pessoas trabalhando e depois dela os operários sumiram. Eu pago alvará para trabalhar 24 horas, mas não posso deixar aberto devido a assaltos e arrombamento. Então, a gente tem que fechar às 22h, porque na pista não passa ninguém e fica tudo escuro e até a polícia chegar o pior pode ter acontecido”, diz, frustrada, a proprietária do posto Petrox, Kézia Moraes Cardeal.
Ela alega um prejuízo de 70% nas vendas, o que a levou a reduzir o quadro de funcionários de 15 para seis pessoas. E das 15 lojas existentes no complexo comercial do posto, apenas cinco estão abertas. Porém nada mudou quanto ao valor das taxas para manter o estabelecimento.
“Eu tenho seis notificações da prefeitura para fazer a rampa para passagem de cadeirante, mas e vou fazer isso onde se eu não tenho avenida pronta? É um absurdo! O que revolta é o descaso, porque eles não fazem nada. A máquina fica parada ali, tem poeira e a gente tem que ficar brigando todo santo dia para que eles liberem o acesso do posto”, contestou Kézia.
Com o acesso prejudicado, o anseio dos comerciantes é que a Trincheira Jurumirim seja liberada o quanto antes; estão desiludidos em buscar solução até mesmo para ressarcimento de prejuízos ou danos. Um exemplo de transtorno é quanto à estrutura física de uma clínica veterinária, que devido às obras teve rachaduras na parede.
Por conta da questão da localização, a ocupação de um hotel situado ao lado da obra sofreu impactos no quadro de hóspedes, também na formalização de eventos que o estabelecimento oferece e a perda de parte do estacionamento.
“Hóspede que levava cinco minutos para chegar até a avenida, hoje demora 20 minutos, por conta do trânsito. Outro problema interno nosso é em relação à sujeira. Acaba tendo que disponibilizar o funcionário para a limpeza mais vezes, pelo menos de 15 em 15 minutos, na recepção. E para completar, parte da nossa frente passou a ser avenida. Tivemos uma redução de 60% do lucro”, conta a assessora comercial do Hotel Global Garden, Débora Dias do Carmo.
Viaduto prejudicou o acesso a empresas no Coxipó
Não muito diferente, na via lateral do viaduto da Fernando Corrêa, obra da Copa, antes do trevo de acesso à Rodovia Palmiro Paes de Barros (MT-040), que liga a capital a Santo Antônio de Leverger, os empresários reclamam da rua muito estreita, que dificulta o escoamento de caminhões na entrada das empresas, atividade determinante do comércio local.
O consórcio responsável pelas obras no local prometia uma alternativa com acesso direto dos caminhões e ônibus pela Fernando Corrêa, reduzindo o tráfego nas ruas dos bairros Nossa Senhora Aparecida e São José, além de beneficiar os comerciantes localizados na avenida. Porém, o planejamento não acontece como o previsto, ao menos aos comerciantes que se utilizam de caminhões.
A reportagem do Circuito Mato Grosso procurou a assessoria de imprensa da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e não obteve resposta quanto aos assuntos reclamados. Fato que demonstra falta de transparência, uma vez que isso já ocorre por diversas vezes, sempre sem resposta.