Os policiais militares Handerson Lents Henrique da Silva e Sammy dos Santos Quintanilha Cardoso também seriam julgados nesta quinta, porém a defensora pública de Handerson alegou não ter tido tempo hábil para ler todo o processo. Como o réu Sammy pediu para trocar de advogado no inicio da sessão, a juíza adiou o julgamento dos dois acusados para o dia 14 de abril, às 8h.
A primeira testemunha a depor foi o delegado Felipe Ettore, que na época trabalhava na Divisão de Homicídios do Rio, que investigou a morte da juíza. Segundo o policial, os dois acusados participaram do crime fornecendo apoio financeiro e logístico à operação.
O delegado contou que o plano inicial do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM) Alcântara, do qual os réus faziam parte, era contratar milicianos para matar a juíza. Para isso, os policiais abririam mão de duas semanas do chamado espólio de guerra.
Em julho de 2011, quando a magistrada decretou a prisão de dois integrantes do GAT, entre eles a de Sammy, os PMs teriam decidido matar, eles mesmos, a juíza, o que acabou acontecendo em 11 de agosto de 2011, quando ela decretou a prisão de todos os outros integrantes do Grupo.
A segunda testemunha foi o inspetor da Polícia Civil José Carlos Guimarães. Ele afirmou ter conhecimento de que ambos os réus já respondiam a diversos processos por homicídio na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, onde a juíza Patrícia Acioli era titular. O inspetor confirmou que, de acordo com o que foi apurado nas delações premiadas, os PMs Anderson e Sammy não participaram da execução do crime, ficando responsáveis pelo financiamento da ação, que permitiu a compra do carro e da moto usados no dia do assassinato, assim como de dois celulares e de armas.
Estão previstos os depoimentos de mais três testemunhas de acusação e quatro de defesa. Os réus ainda serão interrogados. O júri deve terminar na madrugada desta sexta-feira (4).
O último júri aconteceu no dia 20 de março, quando o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira foi condenado a 36 anos de prisão em regime fechado. Na época do crime, ele era o comandante do 7º BPM (São Gonçalo). De acordo com a sentença, ele também vai perder o cargo de tenente-coronel.
Outros seis policiais militares já foram condenados, mas nenhum deles foi expulso da Polícia Militar. Segundo informações da assessoria de imprensa da corporação, a Corregedoria da PM já entrou com processo para expulsão desses policiais. Mas como alguns deles entraram com recurso na Justiça comum, o processo precisou ser interrompido e será retomado quando o julgamento terminar.
Vinte e um tiros
Patrícia foi assassinada com 21 tiros na porta de casa em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, em 11 de agosto de 2011. Na época do crime, ela tinha 47 anos, era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e atuava em diversos processos em que os réus eram PMs do município envolvidos em supostos autos de resistência.
Seis PMs já foram condenados pelo assassinato da magistrada. Daniel Benitez, até o momento, é o que recebeu a pena maior, com 36 anos de prisão. O cabo Carlos Adílio Maciel dos Santos foi sentenciado a 19 anos e 6 meses de reclusão. Jefferson de Araujo Miranda teve pena estabelecida em 26 anos de reclusão. Jovanis Falcão foi condenado a 25 anos e 6 meses de prisão. Junior Cezar de Medeiros pegou 22 anos e 6 meses de reclusão, e Sérgio Costa Júnior foi condenado a 21 anos em regime fechado.
G1