Cláudio Maierovitch e Antônio Nardi, do Ministério da Saúde (Foto: Gabriel Luiz/G1)
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse nesta terça-feira (8) que o combate ao mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, o zika vírus e a febre chikungunya, se dará principalmente pela destruição de focos de proliferação do inseto, já que alternativas mais tecnológicas e em pesquisa, como os mosquitos transgênicos ou contaminados com a bactéria wolbachia, bem como a vacina de dengue, ainda não estarão disponíveis para uso abrangente em curto prazo.
O ministro classificou a situação do zika vírus, que pode estar relacionado com o aumento dos casos de microcefalia no Nordeste, como "um drama muito sério".
Ele esteve reunido na tarde desta terça com a presidente Dilma Rousseff e governadores para conversar sobre ações de combate ao Aedes aegypti e o zika vírus. Um centro de controle será montado em Brasília, no Ministério da Saúde, em comunicação com centros estaduais, para monitorar a situação.
Castro lembrou que por enquanto o mosquito ainda está na fase de menor população. Em fevereiro, ele começa a se reproduzir mais, levando a um aumento no número de casos de doenças por eles transmitidas.
O ministro afirmou ainda que as mulheres gestantes são alvo maior de preocupação, dado o risco de o zika vírus causar microcefalia nos bebês. Elas deverão tomar máximo cuidado para não serem picadas, preferencialmente usando roupas que não deixem pernas expostas, por exemplo, além de colocarem mosquiteiros e telas em suas casas, sempre que possível.
Microcefalia
Mais cedo, ainda nesta terça-feira (8). o ministério anunciou que investiga as mortes de 19 crianças com suspeitas de microcefalia desde o início do ano até o dia 5 de dezembro em oitos estados do país e se esses possíveis casos de malformação têm relação com o zika vírus. Em uma semana, o número de casos suspeitos de microcefalia passou de 1.248 para 1.761, um aumento de 41%.
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Ela é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm – o esperado é que bebês nascidos após nove meses de gestação tenham pelo menos 34 cm.
O perímetro foi revisado pelo ministério no último dia 4. Antes, a microcefalia era apontada nos casos de circunferência craniana menor do que 33 cm.
Os casos de morte sob investigação são no Rio Grande do Norte (7), Sergipe (4), Rio de Janeiro (2), Bahia (2), Maranhão (1), Ceará (1), Paraíba (1) e Piauí (1).
Segundo o levantamento apresentado pela pasta, Pernambuco ainda é a unidade da federação que apresenta o maior número de casos (804) suspeitos da malformação. Em seguida, estão os estados de Paraíba (316), Bahia (180), Rio Grande do Norte (106), Sergipe (96), Alagoas (81), Ceará (40), Maranhão (37), Piauí (36), Tocantins (29), Rio de Janeiro (23), Mato Grosso do Sul (9), Goiás (3) e Distrito Federal (1).
Para o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, ainda pode demorar sair o resultado de uma vacina contra o zika vírus. “O tempo de desenvolvimento de vacina é um tempo longo porque os estudos clínicos são demorados. É algo em torno de dez anos, supondo que as coisas deem certo”, afirmou.
O número de casos de microcefalia notificados por ano no Brasil vinha se mantendo estável nos últimos cinco anos, e em uma quantidade bem menor do que os casos suspeitos registrados neste ano. Em 2010 foram 153 casos registrados de malformação no país; em 2011, 139; em 2012, 175; no ano seguinte, 167; e em 2014, 147.
Novo critério
Na última sexta-feira (4), o Ministério da Saúde informou que iria mudar os critérios que classificam uma criança como tendo microcefalia. A mudança passou a valer em todo o país nesta segunda-feira (7), quando foi fechado o texto de um novo protocolo a ser adotado por cada governo local.
Até então, a pasta considerava que bebês com circunferência da cabeça igual ou menor a 33 cm tinham a malformação. O novo parâmetro passa a apontar microcefalia em crianças com cabeça medindo 32 cm ou menos de circunferência.
Na prática, menos bebês vão ser considerados como suspeitos de apresentar a malformação. O diretor do ministério Cláudio Maierovitch afirmou que não há estimativa de quantos casos notificados deixam de ser considerados com suspeita de microcefalia com base nas novas medidas. “É uma proporção razoável.”
Fonte: G1