Outra novidade é que o primeiro lote dos trilhos do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que será construído na França, já começou a ser transportado do Porto do Rio para o canteiro de obras, na Avenida Professor Pereira Reis, na madrugada de ontem. O material pesa 819 toneladas e corresponde a 15 quilômetros dos 28 previstos. Quinze carretas são responsáveis pelo transporte dos trilhos. O VLT terá seis linhas, e a estimativa é que a primeira esteja pronta para testes em dezembro de 2015. O sistema fará a ligação entre a rodoviária e o Aeroporto Santos Dumont.
Também este mês será concluída mais uma etapa da cobertura central do Museu do Amanhã, no Píer Mauá. A primeira das 24 estruturas em aço que farão parte da base do telhado, com 14 metros de altura, 52 de comprimento e 80 toneladas, foi instalada em junho. Depois de pronto, o telhado terá 350 aletas (espécie de asas) metálicas, que se moverão de acordo com a posição do sol, para captar a iluminação natural. A parte de concreto está quase toda concluída. A previsão é que o museu fique pronto no primeiro semestre de 2015.
VISÃO PRIVILEGIADA
Na Praça Quinze, a paisagem já mudou. Com a demolição do elevado, quem passa por lá tem uma visão privilegiada da Baía de Guanabara e de prédios históricos, como o Paço Imperial, o Museu Histórico Nacional e o Palácio Tiradentes. Da Perimetral, restam apenas três pilares, na altura do Distrito Naval, e que atualmente estão em processo de demolição.
— Ficou legal, bem melhor, mas é estranho sem o elevado — observou a médica Valéria Lima, moradora de Niterói que diariamente desembarca na Praça Quinze. — A praça está mais clara, mais segura. Vamos agora esperar que façam a urbanização prometida, e sem atrasos — completou.
Projeto prevê a construção de passeio público e ciclovia ligando a Praça Quinze ao Armazém 8 – Gabriel de Paiva / Agência O Globo
De acordo com o projeto Porto Maravilha, com o fim das obras na região da Praça Quinze, em 2015, será possível ir a pé ou de bicicleta até o Armazém 8 por um caminho de 3,5 km de extensão e 215 mil metros quadrados de área total — grande parte com vista para a Baía de Guanabara.
O passeio público terá calçadas largas, arborização e ciclovias. Alberto Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), empresa da prefeitura responsável pelo Porto Maravilha, conta que o próximo passo será a recuperação do mergulhão.
— Daqui a pouco, teremos que isolar mais um trecho na área para trabalhar no mergulhão. Em seguida, será iniciada a urbanização da praça. A previsão é que no segundo semestre de 2015 a região seja devolvida plenamente à população — antecipa Silva.
A Praça Mauá também começa a ganhar cara nova, e o Museu do Amanhã, com contornos definitivos, é o maior exemplo disso. De acordo com Alberto Silva, até o fim de novembro, o trecho da Perimetral próximo à rodoviária estará no chão. Segundo ele, será o segmento mais trabalhoso em toda a extensão do elevado.
— Aquele pedaço exige uma logística mais complexa, porque teremos que trabalhar em conjunto com a administração da Rodoviária Novo Rio para não interromper a operação do terminal. Provavelmente, será em um dia de menor movimento e à noite. É um trecho pequeno, mas muito mais complicado — explica o presidente da Cdurp.
Um dos trechos que ainda restam, próximo ao Distrito Naval – Gabriel de Paiva / Agência O Globo
O presidente da companhia responsável pela revitalização da área do Porto garante que as obras estão dentro do prazo previsto e que os trabalhos na Rodrigues Alves, apesar da presença de muitos pilares, são os mais adiantados.
— As obras de infraestrutura ao longo da avenida estão em um ritmo bastante intenso. E a demolição dos pilares só não foi concluída ainda porque precisa ser feita com cuidado, para não afetar as estruturas do entorno — esclarece Alberto Silva.
OTIMISMO INVADE O PORTO
Na Zona Portuária, há vários empreendimentos surgindo. Na avaliação do presidente da Associação Comercial do Rio, Antenor Barros Leal, o comércio está mais confiante, numa expectativa bem diferente da do início das obras de revitalização:
— Estive outro dia em um trecho que resta da Perimetral e vi, ao lado, um imóvel degradado com placa de aluga-se. O que percebemos é uma onda de otimismo em relação ao lugar. Estamos vendo a compra de pontos, de imóveis, o surgimento de novos restaurantes. As pessoas estão se preparando para que a área volte a pertencer à cidade. Não tenho dúvida de que o projeto é bom e que o comércio vai lucrar com isso.
Quem mora na Zona Portuária não vê a hora de tudo ficar pronto. O aposentado Heitor Mattos, de 73 anos, já tem planos para a nova área de lazer na vizinhança:
— Vou reunir os amigos aposentados e passar boa parte do dia na rua, no jardim que dizem que vai ficar lindo. Já não era sem tempo. A Zona Portuária há muito foi abandonada pelo poder público. Até pensava em vender meu apartamento quando anunciaram a revitalização
O Globo