Esportes

Com foco no Mundial, Esquiva realiza sonho de infância e vira soldado

Mas ser o melhor nos jabs e cruzados não era o único sonho do menino de origem humilde do Espírito Santo. Entre um treinamento e outro, sonhava ser soldado. Admirava, de longe, a postura dos militares e imaginava o dia que pudesse vestir uma farda de verdade. Antes de completar 18 anos, o atual medalhista olímpico de prata do boxe brasileiro chegou a se alistar. Mas, por conta dos compromissos de atleta, adiou o segundo desejo pessoal. Este ano, a vontade será realizada. No Rio, Esquiva se prepara, ao lado de outros 12 atletas de alto rendimento do país, para se se formar em soldado. Com isso, ele poderá participar também de competições militares.
 
– É meu sonho desde criança. Sempre via os militares fardados, com toda aquela coordenação, ritmo, achava muito bonito e impressionante. Chamava a minha atenção. Quando tinha 17 anos, me alistei, mas acabei entrando na seleção de boxe e viajando. Não pude ir no dia de ''jurar a bandeira'' e perdi a oportunidade naquela época. Agora que abriu espaço para o boxe do CDE (Comissão de Desportos do Exército), quero fazer tudo direitinho – disse Esquiva, prata no peso-médio nos Jogos de Londres.
 
Além da parte teórica, Esquiva está tendo que suar a camisa. Nesta terça-feira, por exemplo, o pugilista participou de uma prova de paraquedismo. Na próxima semana, terá de passar três dias acampando no mato. Com o sorriso fácil e bom humor de costume, ele acabou confessando que está sendo mais difícil lidar com os superiores de farda do que com o exigente Touro Moreno, que sempre exerceu a função de pai e treinador.
 
– Isso aqui é muito puxado. Todo dia desde 6h30m da manhã. Mas já aprendi muitas coisas, principalmente sobre respeito, educação e hierarquia. Tem um sargento que é bem pior que o Touro Moreno. Não perdoa ninguém. Dá bronca, castigo. Estou sofrendo na mão dele (risos), deu até saudade do meu pai – brincou o pugilista, que se forma no dia 19 de abril. 
Lutador não crê em combate antes do Mundial de Boxe
 
O Mundial de Boxe do Cazaquistão é o grande objetivo de Esquiva Falcão. Bronze na última edição da competição, em 2011, ele chega agora com status de medalhista olímpico. Sem lutar desde Londres, o pugilista não crê na possibilidade de fazer uma luta de boxe profissional pela Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba), com quem assinou contrato no fim do ano passado. Tranquilo, Esquiva não acha que a falta de lutas no ano interfira de forma negativa em sua performance na competição, que será em outubro.
 
– Não acho ruim. O Mundial é de boxe amador. Vou treinar o ano todo para isso. Se rolar uma luta pela Aiba, será em novembro ou dezembro. Com isso, vou ter mais tempo para me preparar para o estilo profissional. No Cazaquistão está o meu foco – disse.
 
Neste ano, a Aiba estabeleceu novas regras para a modalidade, que passam a valer a partir do dia 1º de junho. A mudança mais polêmica é a retirada do capacete protetor dos duelos. Esquiva Falcão vê tanto o lado positivo quanto o negativo nas alterações. 
 
– Pode ser bom e ruim. Eu gosto de lutar sem capacete, encaixa com meu estilo. Mas prejudica, porque pode cortar meu rosto com cotoveladas. Competição de boxe tem muita luta seguida. Se cortar, complica para voltar depois ao ringue. 
 
Após se formar no exército, Esquiva viaja em maio para Cuba, ao lado de outros companheiros da seleção brasileira masculina de boxe. Em Havana, capital do país referência da modalidade no mundo, eles farão um período de treinamento voltado para o Mundial. Nomes como Yamaguchi Falcão, bronze em Londres 2012, e Everton Lopes, campeão mundial em 2011, estarão na excursão.
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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