Uma atendente de 26 anos, que não quis se identificar, afirma que está arrependida de ter passado por uma aplicação para aumentar o bumbum, em Goiânia. Ela é uma das 24 mulheres identificadas pela Polícia Civil, até o momento, no inquérito que investiga a falsa biomédica Raquel Policena Rosa, 27, suspeita pela morte da ajudante de leilão Maria José Brandão, 39, após o procedimento. A atendente diz que se submeteu à técnica com uma mulher identificada como Thais Maia que, segundo a polícia, atuava junto com Raquel.
A mulher afirma que foi enganada por Thais. "Ela mostrou um monte de fotos que convenciam as mulheres a fazer, que ficavam bonitas. Dizia, 'nossa, eu com um bumbum desses'. Me senti enganada, porque, no final, não ficou do jeito que as fotos mostraram", disse a cliente, que prestou depoimento no 17º Distrito Policial na quarta-feira (12).Thais, segundo a polícia, é suspeita de fazer o procedimento em algumas mulheres. Para algumas clientes, ela se apresentou como médica residente no Rio de Janeiro e que viajava para Goiânia para realizar a aplicação. A polícia, que ainda tenta encontrá-la para colher seu depoimento, diz que Thais trabalhava com Raquel, até que as duas tiveram um desentendimento e ambas passaram a atuar sozinhas.
A cliente disse, assim como a maioria das pacientes, que conheceu a modalidade através das redes sociais. De forma semelhante como outras mulheres já relataram, ela afirmou que enfrentou fila para ser atendida. "Quando fui, tinha mais ou menos umas 15 mulheres. Cheguei às 18h30 e fui atendida a meia noite", lembra.
Dor
A jovem realizou o procedimento em julho deste ano, em uma clínica no Setor Marista. Ela lembra que no mesmo dia teve vários problemas. "Senti tremedeira, falta de ar e dor de cabeça. Aí a própria Thais me indicou uma medicação e uma pomada, porque meu bumbum ficou muito inflamado", recorda.Ela, que pagou R$ 3 mil pela aplicação, disse que Raquel estava na sala, mas não participou do ato. O namorado dela, Fábio Ribeiro, também estava presente, mas apenas recolhendo o dinheiro das aplicações.
Atualmente, ela ainda sente algumas dores quando fica sentada por muito tempo e teme pela saúde. "Não imaginava isso. Falaram que iriam aplicar hidrogel, mas não sei o que tem no meu bumbum. Estou com medo de procurar o médico e ter que fazer tudo de novo para retirar o produto, não sei como vai ser", lamenta.
Depoimentos
Na segunda-feira (10), o namorado de Raquel, o professor de idiomas Fábio Justiniano Ribeiro, de 33 anos, prestou depoimento e negou ter realizado as aplicações com a companheira. Quando foi ouvida pela polícia, no dia 3 de novembro, Raquel já havia descartado a participação do namorado nos procedimentos. No entanto, a polícia não acredita na versão de Fábio.
Segundo a delegada Miryan Vidal, responsável pelas investigações, ele deve responder por exercício ilegal da profissão e, caso fique comprovado que Maria José morreu em decorrência da aplicação do produto, por homicídio. "Com o resultado do exame cadavérico, poderemos informar se no caso dele [Fábio], o crime será doloso ou culposo", pontua.
Uma comerciante de 46 anos, que fez uma primeira aplicação no bumbum e chegou a procurar a polícia na terça-feira (11), disse que desistiu de fazer uma nova etapa do procedimento após saber da morte de Maria José. "Desisti do retoque depois que vi na TV [a notícia da morte]. Depois até tentei falar com ela [Raquel], mas não consegui", disse a vítima, que não quis se identificar, ao G1.
G1