Foto: Sandra Carvalho
Enquanto muitos reclamam falta de oportunidades, de emprego, Gilmar Moraes, 36 anos, dá exemplo de persistência. Vendedor ambulante e com problema físico de nascença, tem uma bela história de superação.
Na manhã deste domingo de Natal, Gilmar contou ao Circuito de Mato Grosso que foi criado pelos avós na cidade de Cáceres (220km de Cuiabá), onde nasceu. Que seu pai já faleceu e a mãe “vive pelo mundo”.
Sempre gostou de música e ainda bem jovem começou a compor e a nutrir o sonho de gravar suas composições, fã de Lucas e Luan e Rick e Renner . Aos 17anos tomou uma decisão na vida. Mesmo com muita dificuldade para se locomover, decidiu partir sozinho para Cuiabá.
“Eu assistia o MTTV, na TV Centro América, e queria tentar apresentar na emissora o meu trabalho”, relatou.
E, decidido, pagou R$25,00 para o motorista de um caminhão de mudança trazê-lo até a Capital mato-grossense, sem ao menos conhecer alguém na cidade para recebê-lo. “Quando cheguei, paguei mais vinte e cinco reais para o motorista roda até eu encontrar um lugar para morar”, lembra Gilmar Mores.
E esse lugar foi no bairro Dom Aquino, onde uma senhora cobrou R$80 de aluguel.
Gilmar, alimentando o seu sonho, procurou um estúdio de gravação e lá levou seu primeiro choque. Seria necessário ter 1 mil reais para gravar cada música do seu disco na época em que o salário mínimo era R$100,00. Acabou desistindo do sonho.
Passou bastante necessidade, mas recebia a ajuda da senhora que o abrigou, até que ela faleceu e os filhos dobraram o valor do aluguel. Gilmar, então, mudou-se para a Cidade Alta, e acabou vendendo refrigerante pelas ruas e descobrindo seu potencial quando só tinha arroz e feijão para se alimentar.
Ficou um bom tempo na Praça Bispo Dom José nessa rotina, quando ainda conseguia andar sem a necessidade de muletas. Passou a vender amendoins pela cidade e em Várzea Grande de bicicleta. O que parece incrível para uma pessoa com o seu grau de dificuldade para se locomover.
Vieram os CDs e agora ele percorre os locais de grande movimento para vender pen drive com músicas de todos os estilos. Por R$25 reais o cliente tem em mãos mais de duas mil músicas.
Sempre sorridente, leva a vida com leveza. Mora no CPA, de aluguel, e lamenta apenas que não tenha conseguido ser sorteado para adquirir sua casa financiada pelos programas populares.
Hoje, de moto, segue sua vida trabalhando de segunda a segunda, se relacionando com as pessoas por seu perfil nas redes sociais e ainda nutrindo o sonho de gravar suas músicas e fazer sucesso.
