Na Olimpíada de Atlanta, em 1996, o skate teve seu primeiro contato com a atmosfera olímpica fazendo uma apresentação na cerimônia de encerramento. Foi apenas uma forma de divulgação para os X Games, que chegavam à sua segunda edição, mas aquele momento plantou uma semente em alguns amantes da modalidade e, a cada nova edição dos Jogos, o assunto de incluir o esporte no programa olímpico renascia – uns sempre se mostraram contrários, alegando que o skate perderia sua essência e deixaria de ser um "estilo de vida". Outros, por sua vez, eram entusiastas, prevendo mais receitas, contratos de patrocínio e organização.
Em 2014, o laço se estreitou quando skatistas, inclusive brasileiros como Karen Jonz e Leticia Bufoni, participaram de uma demonstração nos Jogos da Juventude, em Nanquim, na China. E, a despeito dos críticos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu que, juntamente com softbol, caratê, surfe, escalada e beisebol, o skate será incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. A inclusão é uma excelente notícia, sobretudo, para Brasil e Estados Unidos, considerados hoje as grandes potências das quatro rodinhas.
Uma assembleia anual da Federação Internacional de Skate (ISF), realizada em outubro do ano passado na cidade de Los Angeles, na Califórnia, definiu que Brasil e Estados Unidos terão, cada um, 12 skatistas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. A decisão foi tomada porque os dois países são os mais tradicionais nas quatro rodinhas e, na última década, protagonizaram as disputas por títulos dos principais campeonatos. Ao todo, serão 80 atletas na Olimpíada nesse esporte, sendo 40 mulheres e 40 homens, divididos em duas modalidades, park e street.
– Brasil e EUA têm vagas garantidas. Vão ser três para brasileiros tanto no Park quanto no street, no masculino e no feminino. Serão 12 brasileiros que terão vaga garantida na Olimpíada de Tóquio 2020. A seleção será feita através do ranking mundial de 2019. Isso significa que os três brasileiros melhores colocados no ranking mundial de 2019 na modalidade park ou street, em seu gênero, têm vagas asseguradas. Esses países têm os principais skatistas do mundo, que disputam títulos nos últimos 10 anos. Por serem potências e, para manter o nível técnico no evento alto, para entrarem grandes investidores e termos grandes ídolos, foi a forma que encontraram de garantir a presença das estrelas – explicou Ed Scander, vice-presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).
Park é considerada a categoria do skate que cresce mais rapidamente dentro do mundo competitivo. Ela utiliza uma pista em concreto, de 1,5m até 3m de profundidade, e tem como características as cantoneiras, extensões, escadas, paredes verticais, mudanças na elevação, gaps (basicamente algo para se saltar no vazio – escadas, elevações etc), spines (duas rampas com suas partes traseiras encostadas) e transfers (rampas lado a lado para pular de uma para a outra), além de variações em áreas de grind (áreas onde se pode deslizar, como corrimões). Essa modalidade é bem ampla e inclui vários estilos, como, por exemplo, o Bowl, especialidade do brasileiro Pedro Barros.
O Street, por sua vez, é uma categoria que foca em transições em lugares públicos e manobras. Esses skatistas usam praças, parques ou áreas industriais e aproveitam mesas, corrimões de ferro, lixeiras, paredes, escadas, trilhos e objetos urbanos que podem ou não ter sido criados para a prática das quatro rodinhas. Na Olimpíada, provavelmente serão usados skateparks com elementos urbanos construídos para a competição exclusivamente. Essa modalidade nasceu nos anos 80 e 90 inclusive com a construção de skateparks, quando as atividades dos skatistas deixaram de ser em piscinas sem água.
Além dos três skatistas de Brasil e de Estados Unidos, entrarão os seis melhores da Europa, e os dois melhores das Américas, da África, da Ásia e da Oceania, totalizando 20 esportistas em cada modalidade e gênero. Ou seja, 80 skatistas ao todo na Olimpíada de Tóquio 2020. Todos serão selecionados através do ranking mundial de 2019.
Fonte: GloboEsporte