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Com bancos e Vale, Ibovespa emenda 2ª alta; dólar volta a cair com ambiente externo favorável

O Ibovespa teve um segundo dia de recuperação moderada, nesta quinta-feira, 6, em alta de 0,55%, aos 126.224,74 pontos, neutralizando assim as perdas que haviam sido registradas nas duas primeiras sessões do mês. Em fevereiro e na semana, o índice da B3 passa a leve ganho de 0,07%, avançando agora quase 5% no ano (+4,94%). O giro financeiro ficou em R$ 19,1 bilhões nesta quinta-feira. Petrobras ON e PN fecharam em baixa, respectivamente, de 0,60% e 0,19%, mas compensada pelo forte avanço de Vale (ON +1,51%). Entre os grandes bancos, destaque para Bradesco (ON +1,08%, PN +1,38%) e também para Itaú, que perdeu força e quase convergiu à estabilidade no fim (PN +0,18%), após resultados trimestrais bons, mas com guidance conservador.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Raízen (+8,28%), Magazine Luiza (+7,41%) e Cogna (+7,14%). No lado oposto, Automob (-6,90%), Embraer (-2,82%) e Vamos (-2,29%). Na sessão, o Ibovespa oscilou dos 125.249,04 aos 126.398,77 pontos, saindo de abertura aos 125.531,06. O dólar à vista encerrou em baixa de 0,52%, a R$ 5,7639.

Na agenda de dados desta quinta-feira, pela manhã, a leitura sobre pedidos semanais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos indica uma possível desaceleração da atividade econômica americana, o que, em conjunto com outros dados, contribui para a percepção de que o Federal Reserve possa retomar os ajustes de baixa da taxa de juros dos Estados Unidos antes do que se previa, avalia Inácio Alves, analista da Melver. Em Nova York, o desempenho dos principais índices de ações ficou entre -0,28% (Dow Jones) e +0,51% (Nasdaq) no fechamento.

Na B3, “o quarteto de ferro reagiu bem, em especial Vale e CSN Mineração (+4,00%), com as empresas do setor metálico sendo beneficiadas pela alta dos preços do minério de ferro na retomada do mercado chinês após o feriado do Ano Novo Lunar”, diz Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital. Além disso, “com os resultados fortes de Santander e Itaú, fica a expectativa para as demais empresas do setor bancário”, acrescenta Silva, destacando também o prosseguimento do ajuste de baixa no dólar frente ao real e os sinais de retomada de fluxo estrangeiro para a bolsa brasileira.

Contudo, nas duas primeiras sessões de fevereiro, na segunda e terça-feira, dias em que o Ibovespa recuou, houve retirada líquida de R$ 609,142 milhões pelos estrangeiros. No ano, o fluxo externo na B3 segue positivo em R$ 6,215 bilhões.

Após os resultados do quarto trimestre, o Citi manteve a recomendação de compra para Itaú, em nota na qual observa que a posição de capital do banco permanece resiliente, de forma que deve proporcionar opções para fortalecer as distribuições de capital. “Itaú permanece bem posicionado para enfrentar um cenário macro mais desafiador em 2025”, avalia o Citi, que vê oportunidades de compra para o papel, em especial em momentos de baixa para a ação – mencionando a precificação barata, a considerar o padrão histórico, e a alta lucratividade.

Dólar

Após a leve alta de ontem, quando interrompeu uma sequência de doze pregões consecutivos de baixa, o dólar apresentou queda na sessão desta quinta-feira, 6. O real e outras divisas latino-americanas voltaram a ganhar terreno em meio à valorização do minério de ferro e à perspectiva de que não haja uma escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Afora um movimento de alta na primeira hora de negócios, quando superou R$ 5,80 e registrou máxima a R$ 5,8244, o dólar operou o restante da sessão em terreno negativo. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo comercial e de investidores estrangeiros para bolsa doméstica, em pregão de alta de quase 2% das ações da Vale.

No meio da tarde, o dólar rompeu pontualmente o piso técnico de R$ 5,75, com mínima a R$ 5,7488. A redução dos ganhos do peso mexicano, após o Banco Central do México (Banxico) reduzir a taxa básica de juros de 10% para 9,50%, tirou parte do fôlego de outras moedas da região, incluindo o real.

No fim do pregão, o dólar à vista era cotado a R$ 5,7639, queda de 0,52%. A divisa recua 1,25% nos quatro primeiros pregões de fevereiro, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 6,74%. Após ter liderado as perdas em relação ao dólar em 2024, o real apresenta o segundo melhor desempenho entre as principais divisas globais em 2025, atrás apenas do rublo russo.

Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o comportamento do real espelha a redução de prêmios de risco embutidos em moedas emergentes diante da percepção de que Trump vai adotar uma postura “gradual e faseada” no front comercial, como mostra o adiamento de aumento de tarifas para México e Canadá.

O economista ressalta que as moedas latino-americanas em especial, à exceção do México, se beneficiam da ausência de medidas mais agressivas dos EUA contra a China. Há expectativa até de que eventual conversa entre Trump e o líder chinês, Xi Jinping, resulte em algum acordo para suspensão de tarifas.

“Desde o começo de outubro, as moedas vinham perdendo valor em relação ao dólar, precificando uma postura bem mais agressiva de Trump. O real, que já era uma moeda depreciada, sofreu muito mais em dezembro, e agora se beneficia desse ajuste nos prêmios de risco”, diz Lima, acrescentando que também há menos ruído político, com ausência de atritos relacionados à liberação de emendas parlamentares.

Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em leve alta ao longo do dia e rondava os 107,600 pontos no fim da tarde. A libra caiu mais de 0,50% na esteira da decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) de cortar a taxa básica em 25 pontos-base, para 4,50%, e acenar com mais reduções. Já o iene subiu cerca de 0,80% em relação ao dólar, na expectativa de alta de juros no Japão.

À tarde, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a “política de dólar forte está completamente intacta” sob a presidência de Trump e que os EUA vão trabalhar para evitar que outros países enfraqueçam suas moedas para obter ganhos comerciais.

Bessent disse que teve um encontro “construtivo” com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e ressaltou que os EUA devem ter crescimento sólido sem pressões inflacionárias. A maioria dos analistas vê espaço para retomada de redução de juros pelo Fed neste ano. Investidores aguardam divulgação amanhã, 7, do relatório de emprego (payroll) de fevereiro para calibrar as apostas em torno dos próximos passos do BC americano.

Para o superintendente da mesa de derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, além da atratividade do carry trade, com a perspectiva de mais elevações da taxa Selic, sobretudo após o tom duro da ata do Copom, o real é beneficiado pelo fato de o Brasil não ser o principal alvo da política tarifária de Trump.

“O que impede o dólar de cair ainda mais é a preocupação com o risco fiscal, que continua alto. Vejo um suporte muito forte em R$ 5,70”, afirma Chiumento, para quem o mercado de câmbio deve continuar “extremamente sensível” ao vaivém das medidas tarifárias do governo americano.

Juros

Os juros futuros curtos adotaram viés de baixa no período da tarde, com a leitura de que a desvalorização do dólar pode aliviar a inflação no curto prazo. Já o vértice longo seguiu pressionado, à medida que o mercado volta se preocupar com a dinâmica da dívida pública, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar, pela manhã, que “tem certeza” que o Congresso aprovará a isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil. A dúvida é sobre como o governo vai compensar, nas contas públicas, o aumento desejado na faixa de isenção. Ainda assim, as taxas fecharam perto dos ajustes da véspera.

A taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu a 14,930%, de 14,968% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 fechou estável, a 15%, e o para janeiro de 2029 subiu para 14,665%, de 14,642% no ajuste de ontem.

A apreciação do real ante o dólar, que cedeu 0,52% (a R$ 5,7639), fez com que o DI de curto prazo conseguisse retomar o viés de baixa. Isso porque a queda do dólar alivia as expectativas de inflação, segundo Julio Hegedus Netto, economista da Confiance Tec.

A volatilidade dos juros futuros vista pela manhã se deu principalmente pela dinâmica relacionada ao leilão do Tesouro, segundo o estrategista Tiago Castro, da Cambirela. Após o leilão, houve espaço para maior alívio na curva de juros.

O Tesouro Nacional vendeu 8 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), número que foi ofertado. A autoridade também vendeu 10,462 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), abaixo da oferta de 13 milhões.

Contudo, os juros de longo prazo seguiram pressionados com a fala do presidente Lula de que o Congresso vai aprovar o projeto que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil. “Isso gera preocupação para investidores acerca da dinâmica da divida publica, já que não está claro como governo vai compensar esse aumento desejado na faixa de isenção”, afirma o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o Ministério da Fazenda já fechou os moldes da compensação para o projeto de reforma tributária da renda. Segundo ele, a proposta já foi apresentada Lula, mas ainda não teve aval do presidente. “Nós terminamos o desenho. Só não vou adiantar porque não tenho autorização do Planalto para isso. Agora começa uma tramitação formal (dentro do governo)”, disse.

Estadão Conteudo

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