O lançamento acontece três anos após a data prevista inicialmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, de São José dos Campos (SP), que desenvolveu o projeto em parceria com a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (Cast, na sigla em inglês).
Dificuldades para criar novas tecnologias espaciais, consideradas complexas, atrasaram o programa, segundo o diretor do Inpe, Leonel Perondi, que está no país asiático para acompanhar o envio do satélite ao espaço.
O Cbers-3 vai substituir um vácuo deixado pelo Cbers-2B, que encerrou suas atividades em 2010.
Desde então, o programa sino-brasileiro ficou sem equipamentos para fornecer imagens aos países parceiros. Também foram lançados o Cbers-1 e Cbers-2, que já não funcionam.
Quatro câmeras, de diferentes resoluções e capacidade de captação, vão coletar imagens com maior qualidade de atividades agrícolas e contribuir com o monitoramento da Amazônia, auxiliando no combate de possíveis desmatamentos ilegais e queimadas – foco de projetos ligados também ao Ministério do Meio Ambiente, como o Prodes e o Deter.
Se hoje o satélite Landsat, de propriedade da agência espacial americana (Nasa), demora 16 dias para registrar toda a Amazônia brasileira, uma das câmeras do Cbers-3 conseguirá imagens do bioma em 5 dias, com uma largura de 850 km cada. Duas das câmeras foram feitas com tecnologia 100% nacional.
“Ele vai causar uma certa revolução em termos de análise de imagens do Brasil”, disse José Carlos Neves Epiphanio, coordenador de aplicações do Programa Cbers.
Distribuição gratuita de imagens
Por dia, o Cbers-3 dará 14 voltas na Terra, no sentido Norte-Sul. Cada volta dura 100 minutos, segundo o técnico do Inpe. A cada 26 dias, o satélite terá mapeado totalmente o Brasil.
A produção do equipamento custou R$ 160 milhões ao Brasil, que tem 50% de participação no Cbers-3.
A esforço dos dois países, segundo o Inpe, tem o objetivo de derrubar barreiras que impedem a criação e transferência de tecnologias sensíveis impostas por países desenvolvidos.
De acordo com Perondi, apesar da parceria com a China, dados considerados estratégicos para o governo brasileiro serão restritos ao governo do Brasil, assim como informações consideradas importantes para a China serão enviadas apenas para os chineses.
“Quando o satélite estiver sobre o país, estaremos gravando em tempo real com as quatro câmeras operando normalmente. E quando estiver sobre a China, somente eles irão gravar”, afirmou o diretor do Inpe.
A unidade do Inpe instalada em Cuiabá (MT) será responsável por receber do satélite as imagens para análise. Cerca de 200 pessoas do instituto estão envolvidas na operação do satélite.
O equipamento lançado na segunda terá vida útil prevista de três anos. O diretor do Inpe confirmou também que nos próximos dois anos será desenvolvido o Cbers-4, projeto que também deve custar R$ 160 milhões aos cofres públicos e que terá o objetivo de substituir o novo orbitador.
G1