O médico cirurgião Juliano Canavarros, presidente do Capítulo de Mato Grosso, explica que a ciência da cirurgia metabólica evoluiu muito e que os materiais e técnicas que são utilizados hoje não são os mesmos empregados 15 anos atrás.
“Hoje temos cirurgias extremamente seguras e com mínimos índices de complicações. Neste simpósio reunimos os melhores cirurgiões do país para alavancar a medicina em nosso Estado. O propósito é ensinar e passar a frente uma carga de conhecimento”.
A diretora-geral do Hospital São Mateus, Marilda Venzel, avalia que o Simpósio da SBCBM é um marco para o hospital e para a cirurgia metabólica no Brasil. “Temos avançado muito na realização dessas cirurgias, e poder receber esse evento histórico é de fundamental importância para garantir que as técnicas mais modernas possam ser difundidas aos cirurgiões de todos os Estado”.
Novas tecnologias
Nos últimos 20 anos, a cirurgia bariátrica começou a ganhar força no Brasil. Na medida em que os índices de obesidade iam crescendo, técnicas para garantir o emagrecimento passaram a ser mais procuradas. Mas nem todas tiveram efeitos eficientes e duradouros.
O cirurgião Marcos Leão Vilas Boas, que é de Salvador (BA) e ex-presidente da SBCBM, conta que na década de 1990 a principal técnica utilizada era a banda gástrica ajustável, que consistia em reduzir o tamanho do estômago se utilizando de um anel. “Muitos pacientes que passaram pela técnica não conseguiram manter o peso. No passado era o que tinha. Hoje temos mecanismos que conseguem atender melhor o paciente.
A técnica mais usada atualmente nas cirurgias metabólicas é o Bypass Gástrico, que chega a reduzir entre 70% e 80% do peso inicial.
O médico Tiago Szego, presidente do Capítulo de São Paulo (SP), explica que a Bypass é uma cirurgia que diminui mais a fome, dá mais saciedade, aumenta a qualidade alimentar e proporciona uma nova oportunidade para o paciente “brigar contra a obesidade”.
“O que se precisa entender é que a obesidade é uma doença e que precisa ser tratada. E a cirurgia é o melhor tratamento para a obesidade grau um e grau dois, com IMC acima de 40. Se o convênio paga a cirurgia não é à toa, isso significa que a cirurgia é mais segura que as doenças associadas à obesidade. A cirurgia é muito segura. Hoje o paciente acorda da cirurgia e no mesmo dia já está andando. Normalmente em até sete dias já volta ao trabalho”, reforça.
Doença crônica
Para o médico Luiz Vicente Berti, ex-presidente da SBCBM, não é apenas a cirurgia que está mais moderna, também a abordagem da medicina sobre o tema tem passado por evolução.
Berti explica que antes a cirurgia se chamava apenas bariátrica, porque era voltada para a diminuição do tamanho do estômago com o propósito de redução de peso. “Hoje a cirurgia é chamada de metabólica, porque não é só apenas o controle do peso, também é realizada para controlar o diabetes, a hipertensão e as triglicérides".
O médico também reforça que a obesidade é uma doença que não tem cura, mas que tem tratamento.
“O paciente precisa entender que é um tripé: ele precisa ter controle emocional, fazer atividade física e comer direito. Sem isso não há resultados. A cirurgia não é mágica. Ela é 50% do tratamento, outros 50% é mudança de hábito. Cabe a nós médicos mostrar no primeiro momento qual é a parte de cada um no tratamento. A pessoa tem que querer emagrecer e não querer ser emagrecida”, pontua.