Os partidos separatistas conquistaram a maioria absoluta dos assentos no Parlamento da Catalunha neste domingo (27), mas não alcançaram mais de 50% dos votos absolutos, o que pode levar o governo a frear os planos separatistas liderados pelo presidente catalão, Artur Mas.
O movimento independentista conseguiu 72 das 135 vagas disputadas na região, conseguindo maioria absoluta – Junts pel Si conseguiu 62 cadeiras, enquanto o CUP teve 10 assentos.
O grupo havia proposto para este domingo um plebiscito para a independência, algo que os outros partidos acabaram não aceitando oficialmente. Entretanto, os partidos separatistas conseguiram 47,8% dos votos absolutos, o que não seria suficiente para ganhar a consulta popular.
Junts pel Si e CUP propunham a independência da Catalunha, uma opção que o governo espanhol – conduzido pelo Partido Popular (PP) – considerada inconstitucional com o respaldo do principal partido de oposição no país, o socialista PSOE.
Os separatistas não conseguiram a maioria absoluta em número de votos – apesar de terem conseguido a maioria dos assentos no Parlamento – porque as eleições são proporcionais. Logo, um candidato de uma região menos populosa precisa de menos votos para se eleger do que aquele que representa uma região com maior densidade populacional.
No caso catalão, regiões de menor população elegeram mais separatistas, fazendo com que a coalizão alcançasse um grande número de cadeiras, mas não a maioria absoluta dos votos.
Coalizões
Abaixo da coalizão ganhadora se situaram vários partidos que rejeitam a hipótese independentista, como Ciudadanos (centro, 25 cadeiras), PSC (socialistas, 16), PP (centro-direita, 11) e Catalunya sí que es pot (esquerda, 11).
Junts pel Si é uma coalizão integrada por políticos de diferentes tendências, tanto da esquerda republicana como da centro-direita, como é o caso do presidente do Executivo regional, Artur Mas, que deseja a reeleição e que no passado se caracterizou por ser um nacionalista moderado.
Cerca de 5,5 milhões de catalães foram convocados às urnas para pleitos destinados a renovar o parlamento regional e escolher o novo governo, mas os nacionalistas viam essas eleições como o início de um processo encaminhado à eventual secessão da Catalunha.
Mas e seus aliados falaram a seus simpatizantes em Barcelona e quiseram dar ao resultado uma leitura positiva ao afirmar que no pleito "ganhou (seu projeto)" e se deu uma "grande legitimidade" à coalizão para seguir com o programa independentista.
Por outro lado, fontes do Executivo espanhol disseram à Agência Efe que o governo considera que os resultados das eleições catalãs demonstram que Artur Mas fracassou em sua estratégia separatista, porque não alcançou nem em votos nem em cadeiras o apoio suficiente da sociedade catalã para seu projeto.
Já o líder socialista, Pedro Sánchez, afirmou que os partidários da independência na Catalunha "perderam o plebiscito. Há uma maioria de catalães que não quer a independência, mas que quer abrir um tempo de convivência, diálogo e de reforma no conjunto" da Espanha.
Nas próximas semanas acontecerá a constituição do parlamento regional e a formação do novo governo, tudo isso enquanto na Espanha se aproximam as eleições legislativas, previstas para dezembro e na qual é provável que o debate catalão siga presente.
O próprio Mas não tem garantida a reeleição à frente do Executivo regional catalão, já que a CUP está em condições de apoiar a Junts pel Si, mas não o próprio Mas como presidente, por considerar que fez uma política conservadora e de cortes sociais.
Fonte: G1