A infraestrutura da região Norte do País é considerada regular, ruim ou péssima por 74% dos industriais. Esse é o resultado do estudo “Panorama da Infraestrutura – Região Norte”, divulgado nesta quarta-feira, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento mostra os gargalos e apresenta propostas da indústria para melhorias logísticas nas áreas de transportes, energia e saneamento, além de detalhar obras consideradas prioritárias para os sete Estados da região, entre os quais, o Pará, que irá sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro.
“As deficiências em rodovias, a baixa integração energética, os entraves no transporte hidroviário e as limitações no acesso a serviços essenciais impactam negativamente a qualidade de vida da população e elevam os custos logísticos, desestimulando os investimentos”, destaca o presidente da CNI, Ricardo Alban. “Fortalecer a infraestrutura da Região Norte, com respeito aos marcos legais e ambientais, é condição indispensável para a atração de investimentos e o crescimento do setor industrial”, defende.
Apesar de a região ocupar posição estratégica no contexto de desenvolvimento sustentável brasileiro, em razão da sua vasta extensão territorial, elevada diversidade biológica e abundância de recursos naturais, o Norte enfrenta entraves logísticos e estruturais que comprometem a articulação entre seus polos produtivos, destaca a CNI. “A malha rodoviária apresenta trechos precários ou incompletos, a infraestrutura ferroviária é praticamente inexistente em grandes áreas, e as hidrovias, embora promissoras, carecem de investimentos em dragagem, sinalização e interligações modais”, aponta o estudo.
Obras prioritárias
A CNI destaca que um passo importante para o desenvolvimento da região foi dado em setembro, com o processo de conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Além disso, a entidade lista outras obras que considera prioritárias para destravar a infraestrutura do Norte. Entre elas, a ampliação da navegabilidade da Hidrovia Araguaia-Tocantins, por meio do derrocamento do Pedral do Lourenço; a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial – nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão; a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica; a pavimentação do trecho central da BR-319, entre Porto Velho e Manaus; e a implantação da Ferrogrão (EF-170).
O estudo mostra ainda que outro desafio crítico está no saneamento básico. Apenas 61% da população do Norte é atendida por rede de abastecimento de água, o que representa o menor índice entre todas as regiões do País. O dado é ainda mais crítico quando se observa a cobertura de esgotamento sanitário: apenas 23% da população total da região conta com acesso à rede coletora de esgoto.
“Diante desse cenário, é urgente que políticas públicas e investimentos priorizem não apenas os corredores logísticos e os projetos de exploração e integração energética, mas também a ampliação de serviços básicos de saneamento. A superação desses obstáculos é condição fundamental para garantir um ambiente de negócios mais favorável, capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo da Região Norte”, afirma o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
O estudo identifica como principais gargalos de transporte na Região Norte a infraestrutura das rodovias; acesso aos portos e infraestrutura desses terminais; e pouca malha ferroviária.
A CNI cita ainda que auditoria mais recente realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre contratos de obras públicas custeadas com recursos federais, analisa 3.790 contratos nos Estados que compõem a Região Norte, dentre os quais foram identificadas 2.207 obras paralisadas (58%). Dos vários setores da infraestrutura, o saneamento básico e os transportes estão entre os que possuem elevado número de registros de paralisações na região.