Esta outrora pacata ex-Cidade Verde sempre teve noites atrativas, com saraus, shows, boa música e comida honesta.
Alegria endógena e exógena fazia, com lindas mulheres, parte obrigatória do cardápio.
Nunca me esquecerei do apogeu do Sayonara do Nazir. Toda semana era apresentado um show nacional com artistas do primeiro time de celebridades.
A banda do Sayonara era comandada por uma comissão de excepcionais músicos da terra, dentre eles: Neurozito, João Feijão, irmãos Pedroso.
Juarez Silva, filho do Hermínio “Pastel”, era o meu crooner favorito.
Tampouco poderia omitir, nesta curta lembrança, o maravilhoso Balneário Santa Rosa do meu querido João Balão.
Dario do órgão, Zé Lino do trompete, maestros Penha e China, sempre com cantores e cantoras sensacionais locais e os shows nacionais.
Estou cometendo injustiças por deixar muitos dos nossos artistas da noite sem citação, mas escrevo um artigo, e não a história da vida noturna de Cuiabá.
Peço a todos os não citados o meu perdão antecipado.
Cuiabá perdeu muito com o fechamento dessas duas casas, mas ganhou a descentralização dos seus pontos musicais para um bom relaxamento semanal.
Fico impressionado com o número de conjuntos musicais de ótima qualidade existentes em Cuiabá, tornando a nossa noite a principal atração turística da cidade.
Meu filho, nora, neta e noivo conseguiram me tirar do local mais prazeroso da cidade, que é a minha casa. Levaram-me para ouvir uma boa música, pois sabem da minha paixão por essa arte.
Fomos a uma casa noturna que não é novidade na cidade, mas não envelhece – o Tom do Geraldo.
Surpresa nenhuma tive desde a minha última visita: casa lotada. Música ao vivo da melhor qualidade. Instrumentos de sopro, cordas e percussão. Embelezando o ambiente lindas mulheres que compunham aquela flora de alegria.
Casais dançando agarradinhos, hoje em dia uma preciosidade histórica. No ar o aroma de romantismo. Sonoras gargalhadas sem censura de volume, e conversas sem fim.
A noite me transmitiu a sensação de que todos os presentes estavam de bem com a vida, e não havia ingresso para a tristeza.
Para completar o clima de aconchego, uma generosa lua cheia lançava sobre o ambiente seus raios prateados. Puro deleite!
A modernidade não deve descobrir esse pequeno recanto que ressuscitou, em parte, a felicidade que perdemos com o crescimento de Cuiabá.
Impossível cultivar o tédio na noite de Cuiabá!
Gabriel Novis Neves